Número 225

DOIS PEITOS, DUAS MEDIDAS

 

Sou igual a muitos: Adoro o esporte e tudo o que ele traz de positivo para a sociedade. Por isso, acompanho com atenção Copas do Mundo, Olimpíadas, Fórmula 1, Campeonatos Nacionais de Futebol e, claro, Jogos Pan Americanos. Quando este interesse natural é somado a uma cobertura massiva da imprensa, como é o caso do Pan do Rio, aí mesmo que a tentação de ficar ligado no rádio e na TV cresce.

 

Os anunciantes sabem disso e compram, a peso de ouro, os patrocínios da programação. Também capricham nas campanhas, buscando, para si, inéditos louros comerciais. Comparando os jogos e as propagandas, vejo a existência de peitos muito diferentes. Sim, confesso: Termino por olhar tanto o quadro geral de medalhas quanto o quadro específico que compõe as atletas vencedoras. E, neste último, o volume dos seios.

 

Nas piscinas, nas quadras e nas pistas, percebo mulheres com corpos muito diferentes: Umas bem altas e esguias, outras extremamente fortes e um grupo de atletas no estilo mignon. Todas elas com belezas particulares, nem sempre tidas como padrão, mas com a inegável aparência de saúde. Em meio a tanta disparidade, uma constante chama a atenção: Quem emoldura as medalhas são os seios de porte médio para pequeno.

 

Como ensinou Darwin, o esporte não diminui os seios – são as atletas com glândulas mamárias menores que sobrevivem vencedoras. Desconsiderando as conseqüências de uma dieta controlada e de uma rotina de exercícios extrema, algo que reforça a existência de músculos em detrimento de outros tecidos, a verdade é que peitões, no esporte, só atrapalham.

 

Quando as atletas descem do pódio, entram os patrocinadores. E, durante os comerciais, mais especificamente nas peças publicitárias de cerveja, vejo mulheres em outra modalidade de competição. Neste certame, as fêmeas são todas exuberantes, sorridentes, magérrimas e… peitudas. Elas atiram-se para as câmeras mirando na mosca o imaginário masculino. Com isso (ou melhor, com tudo aquilo), ajudam a vender outro ouro: O dos copos.

 

Decotes mais do que generosos vencem até o mais desatento dos olhares. A cada cena, um ponto, um recorde, um ippon. Em ralos trinta segundos, e sem a chance de se fazer um exame mais detalhado – principalmente tátil –, ficamos com a impressão de que muitas das musas do lúpulo e da cevada não passariam em um antidoping. Mesmo assim, ninguém parece sonhar em desclassificá-las, legitimando o uso indiscriminado de silicone.

 

Não sei até que ponto a turma do marketing mediu o tamanho da preferência masculina em matéria de seios no momento de escolher as meninas das companhias de cerveja. Fico com a impressão de que tentam impor um modelo estrangeiro de beleza que, apesar de chamar a atenção, passaria longe do pódio brasileiro. Eu, pessoalmente, não sou muito fã de air-bag. Minha mulher ideal estaria apta a bater um bolão tanto na quadra esportiva quanto em outros campos. Quer dizer, para o meu gosto, o belo nasce da proporção. Sem essa de dois pesos (peitos!) e duas medidas.

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