Dança das Cadeiras IV – o Baile de Máscaras

Dança das Cadeiras IV – o Baile de Máscaras

Rubem Penz

Para quem não se recorda, “Dança das Cadeiras” é a dinâmica lúdica criada pelo jovem, idealista e voluntarioso editor chefe do principal jornal da cidade. Seu objetivo: desacomodar, no bom sentido, os jornalistas especializados (no mau sentido, nunca foi cômodo ser jornalista no Brasil). Funciona assim: eles devem circular pelas mesas da redação e, ao cessar a música, sentarem-se na cadeira mais próxima para, durante o dia, trabalhar na editoria que o acaso escolheu.

Em tempos de covid-19, a estratégia ganhou o nome de “Baile de Máscaras”, pois as medidas de prevenção ao coronavírus lembravam a vez em que, jovem foca, o editor cobriu mascarado os bailes municipais de carnaval. “Pessoal, colhi muitas inconfidências – de máscara, ninguém desconfiou que falava com a imprensa”, disse como quem conta vantagem. Clodoaldo Sedan, o homem dos automóveis e da velocidade, achou melhor não dizer o que pensava sobre a gracinha, enquanto estacionava em manobra perfeita na cadeira de política:

Novos modelos para os ministérios da Educação e da Saúde

Amantes da velocidade estão arrepiados com o desempenho do governo nesta corrida maluca em que se transformou a ocupação de duas das pastas mais sensíveis da Esplanada dos Ministérios quando se pensa em ranqueamentos e performance. Por assim dizer, pastas decisivas na qualidade e na durabilidade da máquina. Não faltam emoções nas constantes derrapadas, colisões e quebras de expectativas. E, na condução dos rumos nacionais, a pista está cheia de óleo. Mesmo sem ter um nome para ocupar estes cockpits, atrevo-me a ponderar sobre os modelos de ministro do mercado:

·  Ministro hatchback – nada ali atrás, seja para abonar ou para desabonar. Podem até reclamar da falta de espaço no currículo para ocupar com a bagagem necessária ao desempenho, mas seria a maneira mais fácil de balizar nestas vagas cada vez mais apertadas pela opinião pública.

·  Ministro 4X4 – um autêntico off-road capaz de suportar qualquer terreno sinuoso. Especializado em manter a direção firme mesmo na lama a qual estamos submetidos, passa por cima (ou pelo lado) de temas nos quais os outros facilmente atolariam. Para ele, basta acionar seus argumentos reduzidos e, devagar e sempre, suplantar os obstáculos no Congresso.

·  Ministro SUV blindado – sonho de consumo de uma classe política ascendente, sentindo-se fragilizada pela violência explícita em nossas ruas. Seus vidros escuros impedem a transparência; a generosidade do entre eixos de poder garante estabilidade; o conforto e o silêncio interno permitem uma condução insensível. A blindagem serve para impedir de ser atingido tanto por News, quanto por Fake News.

·  Ministro 1.0 – pensando bem, querer mesmo, ninguém o quer. Mas tem a seu favor o fato de ser econômico e de fácil reposição no mercado. O mais brasileiro dos ministros, enfim.

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