Número 505
12 razões para o ano ter valido a pena
Rubem Penz
Se em 2012 aconteceu ao menos uma dessas doze situações, já valeu. Se mais de uma, ótimo. Grande parte? Então espere muito de 2013, pois você está atento ao que faz a diferença.
- Você teve ao menos um acesso de riso incontrolável. Vale por dois se foi em um lugar inconveniente, momento inoportuno ou situação delicada – o riso proibido é, disparado, o mais divertido de todos;
- Você acordou sarado de algum mal (enxaqueca, gripe, enjoo…) e experimentou conscientemente a sutil revelação da verdade: estar bem, sem dor ou aflição, é a maior bênção que se pode almejar na vida;
- Você encontrou por acaso um álbum musical antigo, daqueles que não escutava para além de 10 anos, perdido no fundo de uma prateleira Escutando-o, recuperou sensações que também estavam no fundo de uma prateleira, esquecidas;
- Alguém praticamente arrastou você para o centro da pista de dança enquanto a autopiedade colava seu traseiro naquela cadeira do salão de festas. E a combinação de música e movimentos tratou de melhorar o seu astral;
- Recebeu a notícia de dois queridos plenamente recuperados depois de passar por um sobressalto bastante grave na saúde. Digo dois, e não um, porque uma notícia que todos vimos foi a do Luis Fernando Verissimo;
- Diante de um prato maravilhoso, na iminência de repeti-lo pela terceira vez, você pensou alto a ponto de verbalizar: “Quer saber? Azar!” E apreciou sem o menor sinal de culpa;
- Deu ou recebeu um longo abraço naquela hora precisa, necessária, insubstituível. E deixou uma lágrima escapar dos olhos para abençoar o ombro acolhedor e acolhido;
- Leu um texto que dizia exatamente o que você pensa, e achou isso bom. Leu outro com algo que você nunca havia pensado, e achou ainda melhor. Leu num terceiro uma bobagem incrível, e achou excelente: xô, mitos infalíveis;
- Saiu do cinema sem saber a placa do caminhão que passou por cima dos seus sentidos – arrebatado, encantado, com vontade de recomendar o filme para todo mundo;
- Guardou um segredo de forma diligente: uma boa notícia que, no tempo certo, findou revelada. Foi quando você deu aquele sorriso de “já sabia” e nada mais;
- Preparou uma receita nova, ou criada na hora com o que tinha ao dispor. E todos gostaram. E repetiram. E, perguntado pelo segredo, quase deixou escapar o bordão de um comercial sertanejo;
- Entristeceu-se com o sofrimento, alegrou-se com coisas bacanas, esteve solene no momento certo, foi generoso ao menos por um instante e, por fim, agradeceu mais do que pediu.