Paralelamente ao minucioso – e complicado – trabalho da Panini, tradicional editora dos álbuns das Copas de Mundo de Futebol FIFA, circula um segundo volume, um tanto mais raro, porém cheio de figurinhas. Ele existe a revelia dos figurões e, em cada imagem, verdadeiras figuras. Aqui, trago um compilado com algumas poucas e boas:
Quem só vê futebol de quatro em quatro anos – milhares, milhões de pessoas que, a cada edição, são representadas por um escolhido. Este ano é a Adalgisa. Reparem em seu olhar: há um misto de deslumbramento e dúvida. Quem tiver uma Adalgisa em seu álbum precisará ficar explicando o que aconteceu a cada marcação do árbitro, a cada lance do jogo. Ela não perderá uma só partida, para o desespero de todos.
Quem é adepto da eterna e constante luta de classes – outro conjunto numeroso a ganhar, este ano, o rosto do Eduardinho. Independentemente do local de origem, este torcedor estará contra todos os países da Europa Ocidental. Tolerará com ressalvas os asiáticos. Olhará com relativa simpatia os europeus orientais e os latino-americanos. Odiará com todas as forças os Estados Unidos e terá uma paixão avassaladora às cores das nações africanas. Tende a perder interesse no meio do certame.
Crentes em teorias conspiratórias – grupo numeroso, mas nem tanto (ainda bem). Crê com todas as forças que os vencedores da Copa do Mundo já foram decididos anos antes, pela melhor oferta, e que o campeonato é apenas um jogo de encenação. Elias é quem dá rosto a eles neste álbum. Note a severidade em seus traços, a indignação no olhar. Acompanha com sofreguidão registrando cada possível erro de arbitragem ou falha individual (principalmente de goleiros). Jamais esquecerá a final entre Brasil e França…
Mãe de jogador de futebol – centenas de mulheres reais e milhões de representantes em sentido figurado compõem este retrato. Magdalena é quem se vê na figurinha. Ela levantará da cadeira a cada falta mais ríspida ou choque forte pedindo a expulsão do adversário. Chorará ao cantar os hinos, dirá palavras de estímulo aos que entrarem nas substituições e de amparo aos que deixarem o campo. Sofrerá com os contundidos e nunca saberá se tem orgulho de quem marcou o gol ou pena de quem sofreu o tento. Por ela, todo jogo seria empate.
Muito bom, Rubem! Eu mesmo conheço vários Eduardinhos e Adalgisas. Acho que essas duas figurinhas se repetem muito.
É verdade, Ataíde. Estão em muitos envelopinhos por aí! Obrigado!
Figurinhas carimbadas, Rubem!
Vai, Brasil!!
Hahahahaha! Verdade! Abração (na torcida)
Prefiro não assistir.
Ass.: Bartleby
Espero que esteja tudo bem com os seus, pois acompanho as notícias das chuvas.
Eita! Era só pra eu contribuir com uma figurinha interessante pro álbum.
Obrigada por perguntar. Minha cidade não costuma ter grandes prejuízos com as chuvas; construímos galerias há uns vinte anos atrás. As duas serras de saída da cidade para o litoral tiveram desmoronamentos, nos mantém meio isolados, contudo. Mas ainda dá pra fugir para o Leste do Estado, ou subir para o Norte, sentido Curitiba/PR e descer para o Sul de lá. (E vice-versa.)
Boas Festas. Cuide-se bem.
Boas notícias em meio aos desastres. Fico feliz!
Boas festas para voce também! 😉
Muito bom, Rubem! Galeria de personagens arquetípicos bem conhecidos, ehehehe
Obrigado, Tiago! Eduardinho vibrando depois de assistir o Marrocos mandar a Espanha para casa!
E há os Rubem, aquele que consegue entender a complexidade de uma Copa e colocar isso no papel em forma de gol de placa. Figurinha muito rara.
Marcelo, desta vez foi você, e sua criatividade, minha inspiração. Se marquei o gol é porque houve um garçom! Abraço!