No final de 2009 eu assisti a uma palestra/show sobre Wilson Baptista e a famosa rivalidade com Noel Rosa ministrada pelo querido amigo Marçal de Menezes Paredes. O grupo que interpretou os sambas não recordo, uma pena, e depois teve feijoada. Tudo isso para dizer que foi assim que conheci o Matita Perê, primeiro bar anfitrião da Santa Sede – crônicas de botequim. Ocupamos a mesa alta ao lado do balcão de março de 2010 até agosto de 2011, e talvez estivéssemos até hoje se não fosse a vocação do local em ter música ao vivo num volume incompatível com nossa natureza.
No início de 2011 eu fui ao aniversário de uma amiga no Apolinário. Naquele momento ele era o botequim mais disputado da cidade e sua “sala 5” foi paixão à primeira vista. Conversei com o Alessandro e, desde o segundo semestre daquele ano, Apolinário se tornou quase sinônimo de Santa Sede – exceto na pandemia e por um curto espaço de tempo antes de sua nova sede. Certamente estaríamos lá até hoje se as águas da Grande Enchente de 2024 não tivessem alterado nosso destino ao encerrar as atividades.
No final de maio de 2024 buscávamos nova mesa para nos receber. Em 05 de junho, consta no calendário, a boêmia oficina literária instalou-se diante da parede oeste do Ser Gastropub, um dos mais charmosos bares da cidade. Para quem acredita em destino e sorte, além da Safra presencial, o livro Bilhetes de viagem – crônicas em homenagem a Cecília Meireles foi escrito num perfeito ambiente londrino. Casa e equipe adoráveis, estabelecimento vocacionado a bem receber. Mas…
No início de outubro transferimos a oficina para o Fervo, um botequim bastante raiz ali no bairro Rio Branco. Diferentemente das relações um tanto duradouras, nossa estada no Ser foi abreviada pela famosa incompatibilidade – causa das separações nas quais as qualidades estão fora da equação. Ou seja, uma das características do bar é a oferta de rock inglês de altíssima qualidade num volume, para nós, altíssimo – perdoem a repetição. Quando há uma cláusula pétrea em questão, não há o que fazer: o problema somos nós, que não combinamos com ela.
Quanta mágoa seria poupada se houvesse o tempo inteiro a compreensão de que, em diversos casos de não poder seguir juntos, não necessariamente há culpados e inocentes, bons e maus, certos e errados. Pode ser apenas um bem que tentamos cheio de boas intenções a esbarrar em algo tão sutil quanto o volume da trilha sonora – e no caso da Santa Sede nem foi a primeira vez. Fica a certeza de guardar na memória momentos de muito prazer e alegria. Queridos Carol e Cacá, meu coração está em festa por ter conhecido e convivido com pessoas assim finíssimas. Que o sucesso esteja sempre à mesa – vocês merecem!