A noite de 11 de novembro testemunhou um evento histórico o qual, por razões além do controle, perdi. Minha ausência em nada arranhou a grandeza do que era há muito esperado: o lançamento de “Meus pobres versos”, de Jairo Brum, primeiro livro do selo Janela da Santa Sede Editorial. Os donos da noite foram os irmãos Brum, Antônio e Jairo Jr., além de Giancarlo Carvalho – corpo e alma da publicação. Desde o princípio, foi do Gian a ideia de viabilizar o projeto, e o resultado magnífico tem seu aval.
Janela é a abertura que criamos para editar livros que estão fora dos nossos propósitos iniciais, ou seja, editar apenas livros coletivos da oficina e, com o selo Balcão, viabilizar publicações independentes de nossos autores. Para tanto, foram estabelecidos alguns critérios de relevância e limite de títulos: por enquanto, um só por ano. O eleito precisará apresentar um original desafiador e ser, necessariamente, um projeto com propósitos além do âmbito literário. Exatamente como o livro de Jairo Brum.
A publicação é resultado do resgate de originais que foram escaneados e tratados graficamente para preservar todas as marcas de edição e revisão que sofreram durante o processo. O autor, que faleceu de modo prematuro aos 47 anos, deixou tudo organizado. Coube aos filhos adultos, muitos anos depois, compreender o quanto de relevante havia nos registros – um retrato primoroso de uma vida marcada pela intensidade nos altos e baixos. O registro biográfico que, de outro modo, ficaria apagado da história. Esta publicação é, sem dúvida, um ato de amor.
Preciso falar a razão de este trabalho ter chamado minha atenção a ponto de construir a janela: a importância de existir nos filhos a consciência de que os pais – e as mães – são pessoas frágeis, falíveis e finitas, como todos os humanos. É muito fácil ser procurado para publicar histórias com exemplos de retidão, heroísmo, êxito ou superação. “Meus pobres versos” trouxeram herdeiros dispostos a dignificar uma trajetória errante e, nem por isso, menos válida. Ou, exatamente por isso, indispensável.
Perdi a festa, mas acompanhei de perto o caminho que levou até ela. Teve sarau, chope, presentes, alegria, celebração. O livro está lindo – graças ao trabalho do Gian – e surge como um libelo de amor incondicional. Devo muito ao que me foi ofertado por Jairo Jr. e Antônio. Espero ter minimamente retribuído. Jairo Brum, com quem não tive a oportunidade de celebrar a arte do encontro e de fazer uma boa festa, aquele abraço!
Um belo projeto literário, uma grande noite, e este incrível texto. De quebra, agora temos dois novos amigos, certo Rubem? Jairo e Nico, sejam bem vindos ao multiverso Santa Sede. E parabéns!
Sim, Gian! Bem-vindos irmãos Brum!
Janelas e portas sempre abertas, assim é a Santa Sede. Que mais gente as abra e atravesse!
Que lindo, Ananyr! Que assim seja! Beijos