Número 315

AS QUERELAS DE BRASÍLIA*
Boi Barroso & Brejo

Brasília (1), minha Brasília brasileira
Da mamata inzoneira
Vou cantar-te em tantas verbas

Ó Brasília trampa que dá
Bandoleiro que faz lucrar
Ó Brasília do meu pavor
Terra do nosso penhor
Brasília! Brasília!
Pra mim… Pior pra mim…

Ô, abre a caixinha do plenário
Tira à mancheia do erário
Bota o imposto no otário
Brasília! Brasília

Deixa ganhar o especulador
Misericórdia é toda tua
Se é banqueiro o devedor
Quero ver essa grana caminhando
Pelos milhões se afastando
Do bolso do assalariado
Brasília! Brasília!
Pra mim… Pior pra mim…

Brasília, terra tão onerosa
Da emenda sestrosa
De pilhar indiscreto

Ó Brasília vende que dá
Outra lei complementar
Ó Brasília do meu pavor
Terra do nosso penhor
Brasília! Brasília!
Pra mim… Pior pra mim…

Ô esse empreiteiro que não pouco (2)
Fez aumentar a sua renda
Nas obras que soube ganhar
Brasília! Brasília!

Ô, oi essas fontes governantes
Onde mamatam-se com sede
E onde a viúva vai dançar
Ó essa Brasília linda intrigueira
É minha Brasília brasileira
Terra toda eleitoreira
Brasília! Brasília!
Pra mim… Pior pra mim…

* Paródia de Aquarela do Brasil, do mestre Ary Barroso.

Nota-se (1): esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com as teimosas notícias de política e economia das sucursais jornalísticas de nossa Capital Federal terá sido mera coincidência.

Nota-se (2): no original, este verso cita o “coqueiro que dá coco”. E o que mais poderia nos dar um coqueiro? – cabe a pergunta. Bom, em Brasília, dependendo da mão que aduba, coqueiros podem dar até cerejas nas noites claras de luar. Há quem duvide?

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