Mas o certo é que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver
Lupicínio Rodrigues
Quanto respeito e admiração eu, que sou colorado de nascimento e orgulho, devoto ao grande gremista que foi meu sogro! Que honra me foi concedida ao me tornar parte da família de alguém cuja entrega transcende a própria existência terrena! Seu exemplo impõe a mim, esposa e filhos, alvi-rubros, um parâmetro elevadíssimo de apego. Afinal, nesse Grenal de torcidas, desejamos a vitória, mas o empate é o mínimo que perseguimos.
Por isso, em respeito à memória do Seu Telmo, quero registrar o protesto com relação à provável demolição do Estádio Olímpico, parte do projeto de uma arena esportiva em outro ponto da cidade. Caso se confirme, representará uma segunda morte imposta a um grupo de torcedores diferenciados e que elevaram suas intenções terrenas ao mundo dos céus. Verdadeiros tricolores imortais! Pessoas que dedicaram suas vidas ao Grêmio, e, para sempre, a morte também.
É claro que o tema suscita a história recente de Porto Alegre, na qual o Sport Club Internacional deixou o Estádio dos Eucaliptos para mudar-se para o Gigante da Beira-Rio. Porém, nossa nova casa (hoje quarentona) foi construída conforme o exemplo do lendário Olímpico: com recursos próprios, com participação da imensa nação colorada, com o suor e o sangue de mais de uma geração. O que se avizinha no horizonte tricolor é um estádio edificado por terceiros, dispostos a explorar comercialmente a paixão de uma torcida. Pior: caso o empreendimento naufrague em seu transcurso, como já ocorreu no recente e bem intencionado caso ISL, nossos irmãos azuis restarão despejados, prejudicando o equilíbrio que sustenta e eleva a dupla Grenal no cenário futebolístico mundial.
Em respeito ao imortal tricolor que foi (é) meu sogro, lamentando a impossibilidade de salvaguardar seu último desejo, faço um alerta: gremistas, roguem para que os deuses da bola não punam aqueles que decidiram macular a vontade derradeira dos que, hoje sepultados, viveram e morreram arrebatados pelo Grêmio. Será que seus heróis precisavam de um novo templo? Ou bastava a modernização de uma casa histórica, construída com os bravos recursos da paixão? Afinal, nada será maior do que um fracasso capaz de deixar o tricolor gaúcho mais do que (até) a pé: sem ter para onde ir.