[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]Rubem Penz
Talvez inspirado pelo silêncio eloquente de um Dia de Finados, quem sabe num protesto ao avesso pela nociva contaminação das bancadas religiosas na política partidária, ou apenas rezando por dias melhores, resolvi converter uma das mais célebres orações católicas nesta crônica. É claro que ela está levemente alterada – desde já peço perdão, meu São Francisco, a causa é boa.
Nesta eterna ladainha, peço a você, leitor, para completar as lacunas como se algum político estivesse num raríssimo momento de confissão, orando pelo inconfessável (mas desejado) plano de nada mudar em Brasília. Escolha qualquer um, fica ao gosto do freguês (ia dizer cidadão, mas estão nos tirando para freguês faz horas). O resultado promete ser bem parecido, dependendo do lado em que se esteja. Infelizmente, digo eu. Nem precisa criatividade: basta lembrar do que está no noticiário.
Oração de São Hipócritas
Senhor,
Fazei-me instrumento de hábil articulação
Onde houver obras, que eu leve ____________________
Onde houver ____________________, que eu leve o perdão
Onde houver ____________________, que eu leve da União
Onde houver dúvidas, que eu leve ____________________
Onde houver erros, que eu leve ____________________
Onde houver ____________________, que eu leve (o meu) com esperança
Onde houver ____________________, que eu leve (o meu) com alegria
Onde houver tretas, que eu leve ____________________
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais
Corromper que ser ____________________
____________________ que ser investigado
Armar que ser ____________________
Pois é dando que se ____________________
É ____________________ que se é perdoado
E é (para sempre) nos elegendo que ____________________
Na política interna
Amém
Crônica publicada no Metro Jornal em 03.11.15
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