LFV está de aniversário. São, literalmente, 87 primaveras – e como é divertido usar a palavra literalmente de modo correto. Ainda mais na primeira linha do texto, oba! Sobre ele, na minha opinião, se houvesse um pódio para a crônica brasileira, ele estaria lá, variando a posição pelo gosto pessoal do analista literário. Eu o coloco no alto. Deixem-me ser parcial, ok?
Ah, quantas pessoas no mundo são amigas de seu maior ídolo, inspiração, modelo? Isso é raro e as razões variam muito: às vezes quem admiramos é de outro tempo ou país, ou é inacessível por motivos diversos (quem sabe até por ter em seu entorno estruturas de segurança insensíveis aos fãs, seja de modo proposital, seja por dever de ofício). Dei muita sorte… O grande cronista brasileiro de todos os tempos é porto-alegrense. Fomos até vizinhos próximos por um período. E somos, sim, amigos.
Conheci sua casa ao buscar minha irmã Cristina que, junto com aquela que no futuro viria a ser a mãe dos meus filhos, eram amigas e estagiárias do nascente acervo do Erico Verissimo. Por isso, cedo orbitei a estrela maior do gênero literário ao qual me dedico. Concorrem ainda outras coincidências: sermos colorados e jazzistas, ainda que em instrumentos e escolas diferentes. À época, ele era quem era e eu não era ninguém.
Passou o tempo. Antes de ser escritor, colhi a honra de ter um texto seu na capa de um CD meu, chamado Passatempo. Segui leitor fiel e arrebatado. Tornei-me cronista iluminado por sua elegância ao escrever, por sua imensa criatividade e pela arte de compor com humor inteligente. Ele, com idade para ser meu pai, era quem eu queria ser quando (se?) crescesse. Permitam-me continuar sonhando…
Mas ser amigo dos Verissimo é algo tão maravilhoso que até assusta. Nem todo afeto e admiração que sinto por eles é capaz de apagar a impressão de “tirar alguma vantagem” pelo fato. De fato, houve até uma ocasião em que uma pessoa que jamais me deu pelota se fez sorrisos quando servi de pretexto para que ela se aproximasse de LFV. Eu, com aquela cara de neste momento você me conhece?, pude medir o prestígio emanado pela situação e temi, como ainda temo, ser visto como aproveitador.
Agora foi: essa crônica laudatória é o meu presente. Há uma diferença sutil entre aproveitar a sorte e aproveitar-se dela. Louvo todos os dias a oportunidade do destino em ter a primeira e protejo-me diariamente da segunda. Escrever uma homenagem ao seu aniversário expondo nossa amizade é andar no fio da navalha. Para uns, soará desnecessário e abusivo, pois é como enxergam as relações entre pessoas díspares. Para mim, significa retribuir e honrar a amizade. Parapenz! A Vanessa também manda beijos.
Que linda amizade!
É bem verdade que poucos desfrutam do privilégio de conhecer seus ídolos.
Parabéns ao maior cronista brasileiro, LFV!
E parapenz ao iluminado Rubem pela belíssimo homenagem!
Viva!
Sim, reconheço o privilégio, Carol.
Muito obrigado, beijos