TEMPO PARA NAMORAR
Anos 50 – Ao som de Elvis Presley, José pede Maria em namoro. A moça, antes de pensar em aceitar, precisa falar com a mãe. A mãe, antes de permitir, consulta o marido. O marido, antes de mais nada, pede para conhecer o tal rapaz. José se apresenta ao pai de Maria. Sofre um interrogatório severo: se estuda ou trabalha, filho de quem é, quais são as suas intenções. Sabe das regras para freqüentar a casa – um lar de família. Para saírem juntos, apenas na companhia da tia Dulce, e olhe lá.
Anos 60 – Ao som dos Beatles, José pede Maria em namoro. A moça aceita e passam a se encontrar às escondidas, atrás da Igreja. Também a namorar nos recantos discretos dos salões de baile. Até que o fato, em forma de fofoca, chega aos ouvidos dos pais dela. Maria fica um mês de castigo, em casa. Durante este tempo, troca bilhetes de amor eterno com José e convence a mãe de quanto o ama. Quebrada a resistência, a mãe passa a argumentar com o marido, que enfim aceita receber José para um almoço. José pede Maria em namoro outra vez, agora oficialmente. Recebem a permissão. Mas andam sob o olhar vigilante de Mário, irmão de Maria.
Anos 70 – Ao som dos Jackson Five, José pede Maria em namoro. A moça aceita e José passa a buscá-la na escola, a combinar sessões de cinema e tardes no parque. Freqüentam reuniões dançantes e festas de clubes, trocando carícias nos recantos mais escuros dos salões. Quando já estão firmes, e com os rumores já ecoando nos ouvidos da família, resolvem assumir o compromisso, dando a notícia em casa. O pai dela consente, desde que não atrapalhe nos estudos: baixando as notas, o castigo será ficar em casa. E estipula meia-noite como horário limite para a menina estar em sua casa (ou José fora dela).
Anos 80 – Ao som do Pink Floyd, José e Maria começam a namorar. Uns dias depois, ela avisa em casa que vai para uma praia de Santa Catarina no feriadão com a turma. O pai pergunta quem mais vai. Ela cita as amigas de sempre e “mais um pessoal”. José faz parte do pessoal, é claro.Todos se encontram na Estação Rodoviária. Logo depois, em um camping de Bombinhas, Maria e José dividem a barraca Brisa II. Na volta, José passa a freqüentar a casa de Maria e chamar o pai da moça de Sogrão . Terão alguns meses pela frente para que os pais se acostumem com a idéia de eles passarem o próximo verão acampando juntos. O que de fato acontece.
Anos 90 – Ao som do U2, José e Maria mudam da categoria “ficante fixo” para namorados. Nessas alturas, José já está cansado de freqüentar a casa da família. A diferença é que ele passa a, eventualmente, dormir lá também, para o desespero do pai. A mãe diz ao marido que eles não estão fazendo nada diferente do que os dois já fizeram. O pai diz ser essa a razão do desespero. Mas, fazer o quê? Na rua anda tudo tão perigoso… Ao menos conhecem o rapaz e Maria gosta tanto dele. José e Maria atam e desatam o namoro dezessete vezes.
Ano 2000 – Ao som dos Beatles, José pede Maria em namoro. Ela, antes de pensar em aceitar, precisa falar com os filhos…
TEMPO PARA NAMORAR – Trilha Nacional
1950 – Ao som de Elizeth Cardoso, José pede Maria em namoro. A moça, antes de pensar em aceitar, precisa falar com a mãe. A mãe, antes de permitir, consulta o marido. O marido, antes de mais nada, pede para conhecer o tal rapaz. José se apresenta ao pai de Maria. Sofre um interrogatório severo: se estuda ou trabalha, filho de quem é, quais são as suas intenções. Sabe das regras para freqüentar a casa – um lar de família. Para saírem juntos, apenas na companhia da tia Dulce, e olhe lá.
1960 – Ao som de Roberto Carlos, José pede Maria em namoro. A moça aceita e passam a se encontrar às escondidas, atrás da Igreja. Também a namorar nos recantos discretos dos salões de baile. Até que o fato, em forma de fofoca, chega aos ouvidos dos pais dela. Maria fica um mês de castigo, em casa. Durante este tempo, troca bilhetes de amor eterno com José e convence a mãe de quanto o ama. Quebrada a resistência, a mãe passa a argumentar com o marido, que enfim aceita receber José para um almoço. José pede Maria em namoro outra vez, agora oficialmente. Recebem a permissão. Mas andam sob o olhar vigilante de Mário, irmão de Maria.
1970 – Ao som de Rita Lee, José pede Maria em namoro. A moça aceita e José passa a buscá-la na escola, a combinar sessões de cinema e tardes no parque. Freqüentam reuniões dançantes e festas de clubes, trocando carícias nos recantos mais escuros dos salões. Quando já estão firmes, e com os rumores já ecoando nos ouvidos da família, resolvem assumir o compromisso, dando a notícia em casa. O pai dela consente, desde que não atrapalhe nos estudos: baixando as notas, o castigo será ficar em casa. E estipula meia-noite como horário limite para a menina estar em sua casa (ou José fora dela).
1980 – Ao som de Djavan, José e Maria começam a namorar. Uns dias depois, ela avisa em casa que vai para uma praia de Santa Catarina no feriadão com a turma. O pai pergunta quem mais vai. Ela cita as amigas de sempre e “mais um pessoal”. José faz parte do pessoal, é claro.Todos se encontram na Estação Rodoviária. Logo depois, em um camping de Bombinhas, Maria e José dividem a barraca Brisa II. Na volta, José passa a freqüentar a casa de Maria e chamar o pai da moça de Sogrão . Terão alguns meses pela frente para que os pais se acostumem com a idéia de eles passarem o próximo verão acampando juntos. O que de fato acontece.
1990 – Ao som de Marisa Monte, José e Maria mudam da categoria “ficante fixo” para namorados. Nessas alturas, José já está cansado de freqüentar a casa da família. A diferença é que ele passa a, eventualmente, dormir lá também, para o desespero do pai. A mãe diz ao marido que eles não estão fazendo nada diferente do que os dois já fizeram. O pai diz ser essa a razão do desespero. Mas, fazer o quê? Na rua anda tudo tão perigoso… Ao menos conhecem o rapaz e Maria gosta tanto dele. José e Maria atam e desatam o namoro dezessete vezes.
2000 – Ao som do Caetano Veloso, José pede Maria em namoro. Ela, antes de pensar em aceitar, precisa falar com os filhos…
Como sempre, Mr. Penz, teus textos são de uma perspicácia e de uma clareza fascinantes! Que percepção de mundo, que precisão de detalhes históricos, que evolução deliciosa ao seguir tuas palavras!
Parabéns, excelente texto.
Que bondade, Beto!
Um dia chego a ser um Locutório!!!
Abraço,
Rubem