Segunda-feira passada, dia 18, acompanhamos mais um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes – data instituída em 2000 para recordar um crime de enorme repercussão ocorrido em 1973. Para 2009, o mote da campanha institucional de conscientização contra tal violência é Faça bonito: proteja nossas crianças e adolescentes. Diante do tema, decidi revisar meus arquivos em busca de criações para a mesma finalidade – frases escritas por mim para campanhas que, por um motivo ou outro, nunca saíram do papel. Com elas, pretendo trazer reflexões sobre o tema.
Proteja de olhos bem abertos quem nos ama de olhos fechados. Todos os que têm filhos, ou qualquer um ao passar pela experiência de estar com uma criança sob seus cuidados, notam o elevado grau de entrega que os pequenos nos confiam. Isso é muito natural. Assim, cabe a nós, adultos, desconfiar por eles – ser seus olhos e ouvidos –, evitando que pessoas mal intencionadas avancem (in) justamente sobre quem, por natureza, está desarmado. É imprescindível estar atento aos sinais!
Quem deseja berços merece as grades. Abuso sexual: a reação é cadeia. Não há razão para taparmos o sol com a peneira: existem pessoas cujo objeto de desejo sexual é o infante. Por mais odioso que possa parecer, mesmo ferindo de morte a vítima e seus familiares, quem apresenta tal comportamento reage a uma compulsão. Pessoas assim precisam ser contidas, seja para tratamento psiquiátrico, seja na prisão. Fora de controle, voltarão a agredir nossas crianças. Com certeza.
Não os deixem dormir com os anjos. Exploração sexual infantil: denuncie este pesadelo. Aqui, a expressão dormir com os anjos apresenta, propositalmente, duplo sentido. E aponta para o fato de não ser justo que o agenciador de crianças para a prostituição durma tranquilo – impune – enquanto o agredido tem sua vida transformada em pesadelo. Denunciar essa situação é mais do que dever: é nossa obrigação.
Não o deixe dormir com os anjos. Abuso sexual infantil: denuncie este pesadelo. Estatísticas demonstram que boa parte dos abusos sexuais são praticados dentro do lar, por pessoas que gozam da intimidade e confiança da vítima. Mães: estejam atentas para os sinais emitidos por seus filhos, acredite neles, procure ajuda especializada. Ninguém merece tanto horror…
Abuso sexual infantil: por um futuro em que ninguém tenha passado. Estudiosos do tema nos ensinam que uma parcela significativa dos abusadores sexuais foram vítimas, quando crianças, do mesmo crime. Por isso, impedir que delitos dessa natureza ocorram no presente é, também, prevenir ocorrências futuras. Afinal, a vítima de hoje poderá se transformar no algoz de amanhã.
Se você quiser indicar alguma das frases acima para entidades que costumam agir contra o abuso e a exploração sexual infantil, sinta-se previamente autorizado. Desde que, é claro, respeitando (indicando) a autoria. Afinal, tais chamadas, como estão, não passam de óvulos fecundados antes de serem colocados no útero. Potencialmente, podem ajudar a despertar consciências. Mas, para isso, precisam ser implantadas em campanhas institucionais. Aliás, desde o primeiro momento, elas foram pensadas sem que alguma remuneração financeira estivesse no horizonte.
Tenho esperança de que, dos tais óvulos, ou de tantas louváveis iniciativas de prevenção, venha a nascer o dia em que a sociedade tema bem menos pela salvaguarda da integridade física e psíquica das crianças.