O futuro do nosso futebol no Sub-17

Coluna do Metro em 12.12.12

O FUTURO DO NOSSO FUTEBOL NO SUB-17

Sei: Grenal é Grenal e vice-versa. Jogo particular e duelo fratricida, ele é sempre final de campeonato. Porém, no fim de semana passado, decidir certame escapou da figura de linguagem para se transformar naquilo que se costuma definir (às vezes errado) como literal. Em Porto Alegre, o Campeonato Brasileiro Sub-17 foi decidido, literalmente, num Grenal. Resolvi conferir e não me decepcionei.

Por exemplo, Alex, do Inter, entrou em campo com um moicano digno dos mais famosos atletas. Do alto da testa até a nuca, o penteado mostrou vigor contagiante e resistência que só muitas horas no cabeleireiro são capazes de oferecer. Há que se ter persistência, foco, disciplina para manter um corte assim. Mas tinha mais no time alvirrubro: o modelo de Petter, igualmente moicano, teve porte para fazer sombra ao colega. Nenhuma crista de galo ou pica-pau seria páreo para esses meio-campistas, mostrando todo o ardor da escola esportiva que floresceu na Vila Belmiro.

Ainda no lado colorado, Eduardo, zagueiro, revelou que jogadores de defesa são feitos de outro barro, mesmo se dando ao luxo de raspar as laterais da cabeça: no alto, nada de muita firula. Eu, particularmente, acho temerário. Ainda prefiro zagueiros de cabeça raspada: calva soa como experiência. O técnico Clemer precisa estar mais atento.

Na esfera tricolor pude identificar uma aposta mais conservadora, quase retrô. Desafiando os modismos, o voluntarioso ala Marcelo lembrou em tudo o velho Paulo Nunes. Deve ter sido orientado pela comissão técnica: filho, isso é nato – cabelos loiros e lisos. E bastou olhar históricos jogos dos anos 1990 para decidir o penteado. Pensando bem, nenhum jogador gremista pareceu assim tão exagerado: deve ser influência do Gavião (treinador), ave notoriamente avessa às pavonices.

A partida com quatro tentos (3×1) também proporcionou uma avaliação mais detalhada de como andam as comemorações dos meninos. Estamos no bom caminho para 2014: notei harmonia e criatividade nas coreografias, beijos na aliança (ainda na mão direita) e corações bem executados. Sabem ir até a câmera para dar seus recados e exaltam Deus e a torcida com disciplina tática invejável.

Opa! Faltou espaço na crônica para falar de futebol. Quer dizer, mais ou menos: penteados, coreografias e maneirismos são alguns dos novos fundamentos do esporte (saudade do tempo do passe, cabeceio e domínio). E a vantagem é escapar do risco de competir com o chefe, que assina aqui no Metro a coluna Jogo Aberto.

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