Gripe suína

Gripe suína

Rubem Penz

Era uma vez três porquinho que receberam a notícia de que uma gripe tão perigosa quanto um lobo espreitando estaria a rondar na floresta. Foi quando, cada um por si, decidiu construir sua estratégia de ação para se proteger do vírus insidioso.

O primeiro porquinho, preguiçoso demais para estudar o risco, e por achar que não era tão grande assim – um exagero na certa, puro alarmismo –, montou uma tática de palhativos (sic). Acomodou-se tranquilo e esperou sua chegada. Foi quando a gripe soprou, soprou e derrubou o plano do porquinho. Ele, assustado, correu para a casa do irmão mais próximo.

O segundo porquinho havia levado a ameaça invisível um pouco mais a sério e acolheu irmão com seu plano ainda de pé. Arquitetara uma estrutura vertical de proteção, imaginando blindar apenas aquilo que seria mais vulnerável, deixando grande parte exposta ao virulento sopro. Que veio, claro. Soprou, soprou, e fez ruir mais uma tática um tanto frágil. Assustados, os porquinhos correram para a casa do terceiro irmão.

Será muito difícil recuperar os prejuízos. Mas a morte é sempre pior…

Foram recebidos com um pouco de desconfiança e outro tanto de álcool gel. Precisaram despir os sapatos, tomar banho e cumprir uma quarentena – o porquinho cuidadoso não sabia o quanto tinham sido expostos aos perdigotos que todo sopro espirra.

Ficaremos confinados? – escandalizou-se o porquinho que, até para se aquietar, era preguiçoso.

É para nossa segurança…

E os nossos negócios? – ponderou o segundo porquinho, bom trabalhador.

Será muito difícil recuperar os prejuízos. Mas a morte é sempre pior…

E, lá fora, a gripe chegou. E soprou e soprou e soprou. Ainda assim, no meio de tanta tragédia, a casa do porquinho prevenido não chegou a cair por inteiro.

Moral da história: o porco é o lobo do porco.

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