Carta à Mãe Joana

Carta à Mãe Joana

RubemPenz

Caríssima Sra. Mãe Joana,

Quem lhe escreve sou eu, um vizinho de suas casas aqui no Brasil, para pedir providências. Antes, porém, preciso lhe dizer que estou no futuro, mais precisamente do início dos anos vinte do século XXI. Por essa razão, há informações necessárias para fins de esclarecimento.

Saiba que o mundo todo está atravessando uma catástrofe sanitária denominada “pandemia por Covid-19”. É uma gripe oriunda de um vírus que surgiu na China e se espalhou rapidamente pelo planeta. Afeta, principalmente, as vias aéreas. Em alguns casos é letal. Pode ser considerada a mais grave crise do novo milênio recém iniciado, e olha que a humanidade não tem tido uma rotina fácil.

Como é uma doença extremamente contagiosa, antes de a população ser imunizada (no futuro teremos um remédio preventivo denominado de vacina), a indicação das autoridades de saúde comprometidas é o menor contato possível uns com os outros. Assim, usamos máscaras, higienizamos mãos e superfícies, deixamos de dar abraços e beijos e, principalmente, evitamos aglomerações. Era exatamente aí que eu queria chegar.

Toda segunda-feira é a mesma coisa: na programação de rádio e TV (já sei, isso também não existe no seu século) há notícias de inquilinos seus promovendo festas clandestinas. Centenas de pessoas sem máscara, agrupadas, dançando ao som de música alta como se não houvesse amanhã. Um só contaminado pode passar a doença para vários, e estes irão contaminar adiante nos círculos de família, amigos e colegas de trabalho. Teriam alguma justificativa caso não soubessem dos riscos, mas todos sabem que as aglomerações estão proibidas – inclusive por lei.

Assim, as providências que peço são as de pressionar seus inquilinos, nossos vizinhos, a cumprir as regras de prevenção. Quem sabe escutam a Sra., uma vez que os médicos, os pais, governadores, prefeitos e os juízes falando o tempo inteiro parece não bastar. Como sei que estão em seus imóveis? Pela razão de isso só ser possível de acontecer em casa da Mãe Joana, tá ok!?

Atenciosamente, Rubem

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