Em outras palavras
RubemPenz
Se toda a crônica tivesse uma só frase, diria que on está in, in está out, out está off e off está on. Parece mais complicado do que realmente é. Simplificando, tudo o que antes era classificado como in e out, hoje se diz on e off. Logo, se você não deseja parecer desatualizado como um tio da Sukita – eu sei, eu sei, conhecer o tio da Sukita já diz muito sobre a questão –, evite os termos in e out. Eles estão out. Ou melhor, off. Tal qual dez entre dez produtos e serviços seja, agora, on.
Isso tudo não deixa de ser divertido para quem vê de fora: a assunção de alguns termos para a crista da onda. Ah, perdão, “na crista da onda” pode não parecer assim tão on, mas já foi, eu garanto. Calça boca de sino, por exemplo, já esteve na crista da onda. Passaram-se muitos anos e o modelo flare está on. E, por incrível que pareça, uma coisa é exatamente igual a outra. O que mudou? Mudaram seus nomes. Ao errar o nome você fica parecendo um boco moco – o que, mesmo que você jamais tenha ouvido falar, soa naturalmente off.
Desconheço quem tenha ficado on primeiro. Talvez até soubesse caso estivesse mais inserido no mundo da publicidade. Hoje, eu e a propaganda somos como aqueles velhos amigos do colégio ou da praia quando se encontram: a melhor pedida é resgatar antigas façanhas, aventuras inesquecíveis, percalços e êxitos. Ficar no “lembra do”, “lembra como” ou “lembra quando”. Agora, até teria um assunto atual: saber da propaganda quem ficou on antes dos outros, abrindo a tendência. Com certeza foi uma pessoa, marca ou empresa muito prafrentex. [Pare de rir! Já foi muito massa ser prafrentex!]
No mais, é preciso ficar ligado, tá ligado? E se você gosta da expressão “tá ligado”, meu filho, fique ligado: antes de aparecerem os cabelos brancos, ninguém mais estará ligado, isso estará off. Não, nem off dirão, pois off estará out (ou aquilo que será convencionado para significar velho, antiquado, fora de uso). Haja plástica, botox e preenchimento na linguagem para estar diante dos outros sempre joinha. [Ok, agora até mesmo eu tive que rir ao lembrar que coisas e pessoas um dia foram joinha…]
Duvida? Ah, criança, o tempo é implacável. Palavra de boco moco.