Chama-se Luciana. Conheci ainda menina. Cresceu, formou-se em contabilidade, trabalhou na área por muitos anos e, de um tempo para cá, deu um drible na rotina e se dedica ao novíssimo ramo dos influenciadores digitais. Assim, investe seu ânimo na produção de conteúdo e, entre as principais atividades, está a realização de lives – as famosas entradas ao vivo nos canais de comunicação. Tem tudo para ser um sucesso, uma vez que é impossível ficar indiferente à sua metralhadora de palavras. Quanto mais damos corda, mais ela fala. Quanto mais ela fala, mais damos risadas. Domingo passado na casa do meu compadre foi dia de alargar a cicatriz (entende quem leu as crônicas anteriores).
A maior diversão da tarde foi um dar-se conta da Luciana: ela notou ter adquirido um vício de linguagem por causa das lives, algo que se relaciona com a expressão “dar corda”. Diferentemente da estratégia de convidados e entrevistas, sua programação é solitária – ou seja, não há alguém para ter dúvidas ou dar deixas. Por isso, precisa perguntar-se para simular o diálogo. Como ela diz, enuncia as perguntas que a audiência faria ou, em outro formato, uma companhia a servir de “escada”. O problema – a graça – é ela ter passado a conversar o tempo todo como se estivesse diante das câmeras. Ela até sabe que o faz, mas agora só raciocina desta forma. Transformou-se em cacoete.
O que quero dizer com “cacoete”? Uma ação que se torna involuntária e que fazemos sem passar pelo controle ou pela vontade. Algo que pode ter nascido com um propósito mas, com o tempo, acontece ser querer. Ou seja, ela esquece que estamos ali para interagir.
E qual é a graça? Como eu disse, a graça é ela falar conosco, todos à mesa, como se não estivéssemos presentes. Ou, no máximo, como se fôssemos uma plateia.
Posso dizer que são perguntas retóricas, então? Sim, muito boa essa questão. De fato, como em perguntas retóricas, Luciana não espera por nossa resposta, não conta com ela. Aparecem apenas como uma forma de continuar o raciocínio.
Ah, você ainda não achou engraçado? É porque você não estava lá. Era hilário principalmente quando ela tentava fazer diferente e, do nada, usava uma pergunta para seguir seu pensamento.
E se não fizer as perguntas, o que acontece? Agora, sem elas, perde o fio da meada. Se atrapalha toda. Depois de deslocar a atenção em não questionar, nem recorda mais o que iria falar adiante.
Se eu acho que isso tem cura? De minha parte, fico apenas com o curioso da coisa, aquilo capaz de fazer nascer este texto. Para além deixo aos especialistas.
Gotei da crônica? Bastante! E imagino que você também. Então, dê um like e deixe seu comentário. Esperamos por sua manifestação, contamos com ela.
Para que essa timidez? Isso mesmo: vamos interagir!
Acabou? Sim, é a última linha. Como você já sabe, e nem precisa perguntar, semana que vem, neste mesmo canal, teremos outra crônica de botequim.
Será contagioso? Ficou hilário mesmo!
Se for contagioso como o gerundismo é um perigo! Obrigado, Mariângela!
Livemania! Hilário…
Valeu, Altino!
Sen-sa-ci-o-nal!!!
Obrigado, Rosane! 😉
Uma nova linguagem. Nova forma de se comunicar.
Estejamos prontos, Jorge! Abração!
Muito bom. Ri sozinho aqui. Abração!
Domingo, eu, que não poderia rir, ri muito! Abraço!
Quando eu conheci o blog? Hoje mesmo.
Se eu virei fã? Claro que sim!
Marina, que bom ter você por aqui! Muito obrigado!
a crônica como ela é. Muito boa.
Muito obrigado! Abraço