Você se considera o que diz?
Espero que não, porque seria reduzir-se. E você, ah, merece mais, muito mais.
Além de ser o que diz ser, você precisa ser como diz, quando diz, onde diz e por que diz. Até quando calar disser algo de si, caso o silêncio seja consciente, se a pausa for estratégica. Vejamos do que falo:
Ser como se diz é, antes de tudo, compor-se. Todo dito é uma exposição, uma revelação. Por isso, você precisa ter cuidado. Escolher o tom, o volume, as palavras. Ser atencioso com os sentimentos, prudente com as críticas, astuto com os argumentos. Atento ao outro e suas reações – fazer-se compreender. Sobrando espaço, vista seu discurso com sedução, magnetismo, amor. Molde as palavras e deixe que elas deem a você a forma precisa.
Ser quando se diz é aproveitar as oportunidades que a vida nos dá – e elas são muitas, porém diferentes. Haverá momentos em que o interlocutor esperará por solidariedade, e suas palavras lhe darão conforto. Instantes de raciocínio rápido, quando reagir na hora será imprescindível. Em outro tempo, tudo o que se espera de você é a transmissão de experiência, ou serenidade, ou conhecimento. Ou mesmo tudo junto, quase como um testemunho de vida.
Ninguém gosta da companhia dos invasivos e, ao mesmo tempo, todos precisam receber a visita de uma palavra certa.
Dizer-se no lugar certo é outra qualidade esperada em pessoas como você. Saber colocar-se, estar seguro de onde se está e para onde se pretende ir, caso a partida se imponha. Ter plena consciência dos limites, não avançar para além das fronteiras. Ninguém gosta da companhia dos invasivos e, ao mesmo tempo, todos precisam receber a visita de uma palavra certa. Medida complexa, não é?
Por último, é preciso ter razão ao falar. Encontrar pertinência no que se diz. Saber-se influente e, exatamente por isso, ter palavras responsáveis. Trabalhadas – entalhadas, esculpidas, costuradas. E não existe outra forma melhor de mensurar seu significado do que escrevendo. A escrita é o dito mais elaborado, atento ao como, ao quando e aos porquês. Escrever é reconhecer-se. E isso é muito importante.
x – x – x
Se você está num momento de transformação, se gesta em seu íntimo novos desejos, se o destino sacudiu sua rotinas, suas crenças, seus sentimentos, avalie a hipótese de escrever. Melhor – a oportunidade de dividir. Ou, quem sabe, conhece alguém passando por isso? A Santa Sede existe para ser muito mais do que técnica, ainda que escrever (ler) melhor seja a essência das oficinas literárias. Em nossa mesa, o que melhor fazemos é nos importar. Semanalmente, fazer com que você encontre-se em sua turma.
Informe-se no Whatsapp (51) 99123-5540
Foi a melhor experiência que tive esse ano, sem dúvida nenhuma. Mais que encontros, descobrimento!
Muito obrigado, Soraya! Sua turma e você fazem a diferença em minha vida!
Se caçoar da minha profissão novamente, tomo o comando da ofensiva novamente.
Se evitar, te evito de volta.
Auri,
Combinado. Eu evito, você evita e, daqui para adiante, evitamo-nos todos. Felizes para sempre.
😉
Saber o tom, escolher o timbre, acertar na cor. Eis a sabedoria que se almeja ao escrever. Belo texto Rubem!
Obrigado, Maria Isabel! Cada vez mais importante ter cuidado! Abração!
Muito bom seu texto. Para escritores e psicanalistas palavras carregam profecias, seja nos ditos, nos não ditos e até nos mal-ditos.
Obrigado, Márcia! Você tem toda a razão. Abraços!