Porque vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho?
Lucas 6:39-42
Quando leio este pedacinho do Evangelho de Lucas, fico pensando se a autocrítica um dia já esteve em moda. Amigos mais cultos podem retroceder ainda mais do que dois mil anos para encontrar outras fontes a demonstrar a habilidade do ser humano em denunciar o problema alheio sem reconhecer, em si, qualquer mancha em suas virtudes. Talvez isso seja, enfim, natural. Uma versão sempre atualizada da “lei de Ricupero”, adotada para uns e outros em verso ou em reverso, conforme a conveniência.
Um exemplo? Por que os esportes com maior índice de fair play parecem ser os individuais? A resposta pode vir da pressão do grupo. Entre muitos, sempre haverá quem considere a vitória um prêmio acima do bem e do mal, os meios justificados pelos fins. O jogador mais honesto até poderá erguer sua mão quando cometer uma falta vez que outra. Porém, se for pênalti e isso custar um campeonato, a reação será tão mal vista a ponto de nem Cristo fazer com que assuma seus futuros erros.
Quando só a falha do outro importa, o “mas” vira a palavra de ordem. Não há cisco ou trave evidenciado que não remeta imediatamente a trave ou cisco alheio, como se a existência de outras máculas fosse uma espécie de indulto. É por isso que as regras, e a interpretação das regras, precisam ser o mais claras possível. E, é óbvio, imparciais, sob o risco de o caldo desandar.
Por exemplo: um árbitro pode influenciar o resultado de uma partida e destruir a moral de determinado time ao adotar critérios diferentes durante o jogo. Para um lado, se encostou, é falta. Para o outro, bater é disputa de bola. Admitindo a lógica do cisco e da trave entre os adversários como “natural” – ainda que condenável em tese, ela existe desde tempos bíblicos –, dois pesos e duas medidas quando arbitrários tendem a inflar as quantidades de “mas” durante a partida. E dê-lhe cartões amarelos por reclamação.
“Mas com tantas coisas acontecendo, o autor resolve falar de futebol?” Pois é… E piora: meu time nem terá chance de chegar à final, e ainda deixo margem para ser considerado apenas inconveniente. Olha eu, aqui, de mão erguida. Pênalti.
É penalti!! Oremos…
Beijo.
Fé no goleiro!
Sempre tem aquela solução de todo mundo jogar no mesmo time. Mas futebol (como literatura, política, finanças, religião etc.) agora é do ramo do entretenimento. Ter regras claras é praticamente censurar. Um pouco de treino, leituras básicas (a Bíblia, claro) e a gente vira especialista nisso.
Deus tem solução pra tudo. Escolha a que melhor te agrada.
Amém.
Simplesmente espetacular.
Valeu! Abraços, Delene