Instantâneos pessoais

Entre muitos gêneros literários, eu ter escolhido me dedicar à crônica talvez se deva ao fato de ter sido, na juventude, redator publicitário. Na propaganda, aprimoramos alguns fundamentos aplicados diretamente nas colunas de jornal: pertinência, sedução, criatividade, concisão, clareza e rapidez. Ou atendemos todos estes preceitos, ou estamos na profissão errada.

Outra característica em comum entre o cronista e o redator é a curiosidade. Desde muito cedo na vida, atividades diferentes exerceram sobre mim uma espécie de fascínio. Desta forma, pude versar sobre produtos e serviços muito variados para os quais, desde que bem explicados, apaixonei-me. É mais seguro escrever sobre o que conhecemos e gostamos.

Assim, quando duas das minhas primeiras oficinas literárias cursadas propuseram tarefas instantâneas, foi como estar em casa outra vez. Tanto Marcelino Freire (com minicontos) como Valesca de Assis (com escrita criativa) instigaram suas turmas a acelerar o raciocínio para escrever, ainda em aula, textos com a maior qualidade possível. Dá um friozinho na barriga, mas é bom.

Cronistas, dependendo de quanto procrastinam a tarefa de compor seus textos, também devem ser capazes de atender aos critérios de qualidade com pouco tempo de revisão. Como isso não é o ideal, o melhor é acontecer só uma vez ou outra, sob pena de deixar a tarefa exaustiva e agoniante. De vez em quando, porém, não deixa de ser uma boa descarga de adrenalina.

Quem gosta de se experimentar tem na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre uma nova oportunidade: o Desafio Literário promovido pelo IEL (Instituto Estadual do Livro). Inscrições no link https://forms.gle/Qug15yF6iG4uYSN99. São cinco gêneros: miniconto, poetrix, poema livre, crônica e conto a serem escritos com temas sorteados. Uma delícia de campeonato que já viu dois cronistas da Santa Sede serem premiados: Vanessa Conz e Tiago Maria.

Aposto que entre os leitores desta humilde coluna exista muitos candidatos com chance de fazer uma boa jornada ou, quem sabe, sagrarem-se vencedores. São vagas limitadas (apenas trinta). Ainda dá tempo! Eu só não entro porque daria muita saudade dos tempos de agência – e não devo cair em tentação: teria idade para ser pai de quase todos em uma sala de criação, né?

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