O Brasil ficou um pouco mais triste com a notícia da morte de Juca Chaves neste 26 de março de 2023. Eu fiquei um pouco mais triste, também. Juquinha, como gostava de ser chamado na intimidade, era um artista da geração dos meus pais. Por isso alguém pode estranhar meu lamento: no auge de sua produção e fama, eu mal passava das fraldas às primeiras letras. Acontece que desde cedo tive fascinação pela arte em geral e pela música em particular. E por pessoas luminosas.
Fácil compreender meu apreço: Juca era a representação da originalidade, da excentricidade e do humor. No momento em que a guitarra elétrica dominava a cena, ele vestia batas brancas, deixava os pés descalços e tocava um alaúde. Em contraste com o poderoso rock, a voz mansa entoava modinhas, valsas e marchas-rancho. Conseguia ser muito agressivo sem abandonar a sutileza e a suavidade. Viveu às turras com a censura e chegou a morar no exílio. Encantava os adultos com suas mensagens irônicas e afiadas e as crianças – como eu – com uma performance de menestrel.
Há outras aproximações entre mim e Juca Chaves: ambos somos baixos e claros, destoando bastante da imagem do brasileiro que povoa o imaginário popular. Há também o gosto pela palavra, seu poderoso arsenal para atingir as distorções sociais de nossa pátria e fustigar os mais poderosos. O humor constante é outra característica que me esforço em cultivar, algo que no Juquinha era muito natural e sua ferramenta de trabalho.
Antes de terminar, preciso justificar meu título sob pena de ele parecer inadequado. Ao ler as muitas notas de pesar, algo que fugira do radar apareceu para minha surpresa: não havia atentado para os nomes de suas filhas com Yara – Maria Morena e Maria Clara. São os nomes das minhas avós! Ou quase… São elas Clara Maria e Adelina (Morena) Maria. Bacana demais! Ilumino esta feliz coincidência para homenagear o grande Juca Chaves, enaltecer a arte brasileira e desejar vida longa aos que carregam consigo a força indomável do humor.
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Por falar em palavra e em humor, ajude o Rubinho a comprar seu caviar (hehehe): sábado, dia 1° de abril (!), prestigie e sessão de autógrafos de “Aforistas graças a Deus”, sétimo livro individual, primeiro de micronarrativas. Esperamos você a partir das 18h no Apolinário, Rua da República, 552 – Cidade Baixa. Ainda dá tempo de comprar em promoção de pré-lançamento por R$20 em www.oficinasantasede.com.br/aforistas . Se não morar perto de Porto Alegre, ou mesmo se desejar o conforto de receber o livro em casa, o valor é R$27,00. O sorriso é uma garantia!
Eu adorava, ou melhor, adoro o Juca Chaves. Uma vez ele fez a também saudosa Márcia de Windsor (perdoe-me se escrevi errado) gargalhar no programa do também saudoso Flávio Cavalcanti. Agora lá no céu tem caviar regado a gaitadas chiques e nossos comerciais por favor. Ah, tirando os óculos 👓 é claro 🙂
Ângela, você enriqueceu muito as lembranças trazendo a Márcia de Windsor e o Flávio Cavalcanti! Mas o certo é quem nem temos idade para lembrar dessas coisas. Hahahahahahaha! Beijos e obrigado!
Como sempre, em poucos parágrafos definiu bem o que foi este grande artista Brasileiro, o sensacional Juca Chaves… sempre adorei seus comentários. A música que mais gravei foi a do cavalinho levando o Presidente Figueiredo para Brasília.” Upa, upa ,upa, cavalinho sem medo,
leva pra Brasília o presidente Figueiredo..”
Berlitz, essa também é a que mais tenho na memória. Também, na época já éramos “grandinhos”, né?
Obrigado, abraços!