Fico muito impressionado com a associação imediata do ato de seduzir às más intenções. Algo como se toda capacidade de encantamento de alguém fosse um artifício dirigido a obter vantagens competitivas ou um poder controlador. Aliás, ela é uma qualidade na maioria das vezes imputada às mulheres (vide o mito das sereias) como propósito de desencaminhar ou desvirtuar pessoas. Caminhos e virtudes, diga-se, presentes na fidelidade, na castidade e na retidão(?). Um viés que, incrivelmente, coloca o sexo masculino na condição de vítima. Quem diria…
De alguns anos para cá, o poder da sedução se vê ligado a outra espécie de vilania: o lucro. Nesta perspectiva, a sociedade capitalista em sua face mais visível – o design, a publicidade e a propaganda – empreenderia esforços no sentido de atrair consumidores para determinados produtos ou serviços em detrimento de outros (concorrentes) na base da beleza, do charme ou de histórias bem contadas. Um atentado contra a inocência das pessoas que, envolvidas, investiriam seu dinheiro em “cantos de sereias”.
É muito difícil contrariar tais conceitos, ainda que seja necessário. Eu seria o primeiro a aderir aos utópicos ideais de igualdade plena se eles tivessem a minúscula chance de serem possíveis. A realidade é a competição e, nela, a sedução talvez seja uma das maiores ferramentas de equalização de poder até hoje ofertadas, pois proporciona a cooperação. Aos animais sociais, dentre eles o bicho homem, obter a simpatia alheia será fundamental para a sobrevivência, o conforto e a perpetuação genética – até mesmo (ou principalmente) contra a força bruta.
Neste sentido, convido para a seguinte reflexão: o que é preferível, ser admirado ou temido? É ingênuo pensar que nós, animais sociais, estejamos herméticos aos preceitos culturais de convivência e de relações, com suas perdas e seus ganhos, ou seja, competição. Portanto, todos os dias você mesmo está diante destas duas ferramentas (sedução e força) para defender seus interesses, quaisquer que sejam. Qual você usa? Qual prefere obedecer? Como aqui apresento argumentos, fica fácil depreender minha predileção. E aí pergunto: pensando bem, seduzir é necessariamente ruim?
A sedução é uma arte, mestre.
Belo texto. Carinho.
Obrigado, meu Maria! Você é encantador
Com certeza não meu querido! Amei
Muito obrigado, Denise!
Em tempos em que o assédio, como ferramenta de sedução, pode ser crime, há que se ter cuidados especiais na arte.
A arte de artistas se transforma em arte de arteiros… Valeu, Sílvio!
Vamos combinar que sedução tem muito mais glamour, não?
Muuito mais, Ana. Nem se compara! Beijão