Nova data para o Dia do Guaíba

Li que em 1996 a Lei municipal 7.767/96 da Câmara de Vereadores de Porto Alegre indicou o último domingo de novembro para ser o dia para celebrar o Guaíba. Não sei se está valendo, pois consta revogada em maio de 2010 (Lei municipal 10.904). Não sou especialista na área ou vereador. Ainda assim, lanço a ideia de instituir o primeiro sábado de maio como o novo Dia do Guaíba por ser o coincidente período em que ocorreram as maiores enchentes de nossa história (1941 e 2024). Troco apenas a palavra “celebrar” para “respeitar” nosso amado curso d’água.

Neste novo Dia do Guaíba não teríamos shows, bailes ou queima de fogos. Os rituais seriam de prevenção: com a presença da imprensa, autoridades públicas e sociedade civil, fechar todas as comportas como quem cumpre uma rotina de simulação de cheias para colocar em teste o sistema; repassar o funcionamento das diversas as bombas de drenagem – com e sem energia elétrica – e fazer uma prestação de contas sobre os investimentos do ano no sistema de águas, esgotos e diques.

Paralelamente, teríamos na data um simpósio anual com especialistas convidados para debates plurais sobre temas correlatos: ecologia, plano diretor urbanístico, desenvolvimento sustentado, tratamento de afluentes, revitalização de encostas… O casamento de um South Summit com um Fórum Social Mundial capaz de buscar consensos e nortear políticas de estado, e não de governo. Desarmar a deletéria montagem e desmontagem de estratégias a cada gestão – grande responsável por nosso atraso. Como bônus, inspirar e guiar os demais municípios gaúchos e brasileiros nestas questões.

E lanço a ideia também como provocação: desejamos que o legado da maior tragédia ambiental brasileira seja uma guerra de narrativas imediatista com vistas à eleição municipal e estadual, ou um verdadeiro aprendizado? Com toda a certeza a resposta para tal pergunta influenciará o nível da discussão e da próxima cheia.