O balão vai subindo, vem caindo a garoa, o céu é tão lindo, a noite é tão boa
São João, São João, acende a fogueira do meu coração
Domínio público
Impossível comparar o envolvimento dos estados do Sul aos do Nordeste quando o tema é festa junina, especialmente São João. Isso não significa que para nós seja menos expressivo em foro íntimo. O fato é que lá os festejos são magníficos, envolventes, numerosos, duradouros e onipresentes. Para marcar a diferença, um pouco se pode colocar na conta do São Pedro: nestas bandas, junho costuma ser frio, úmido e chuvoso. Doenças respiratórias são frequentes, e há mais lencinhos do que bandeirinhas de papel ocupando a paisagem.
Fora da quermesse do colégio, minhas lembranças de infância remetem à festa na Fundação O Pão dos Pobres, programa obrigatório na tríade anual (havia também o galeto e o mocotó na sede do orfanato). Depois, chegaram Ivan e Clara para pedir uma indumentária de caipira com direito a barba, bigode, maquiagem e sardinhas nas fartas bochechas. Também levei a dupla para O Pão dos Pobres – só não sei se todos os anos, como outrora minha mão o fizera. Então eles cresceram e eu esqueci da rotina anual de chapéus de palha e marias-chiquinhas… No máximo apreciava a sobrinha, Laura, perfeitamente vestida para a data – e mesmo isso já era passado.
Eis que na idade em que as cinzas levantam voo e chegam à barba e aos cabelos, e crendo num braseiro já extinto aos pés, Agatha chega como um atiçador sapeca e vivaz a cutucar meu coração. Como tem festa junina na creche, partiu ela com vestido caipira, botinas nos pés e marias-chiquinhas na cabeça, linda e sorridente. Vesti-la, até vesti. Mas Vanessa precisou cuidar dos cabelos: se já apanhava com melenas lisas da Clara, imagina a dificuldade ao lidar com tantos cachos? Impossível!
Enfim, outra descoberta nas aventuras e desventuras de um pai bem passado é a de termos uma fogueira junina parecida com a chama olímpica: jamais se apaga. Para aproveitar melhor a época, tratamos de comprar uma panela pipoqueira e um bom punhado de pinhões. Como a enchente desmarcou a quermesse d’O Pão dos Pobres, resta fazer comemorações caseiras colocando fogo na lareira e apreciando a culinária da época. Para o mocotó há que esfriar um pouco mais. Será que a filha caçula gostará do polêmico prato? Os irmãos torcem o nariz…
*Aventuras & Desventuras de um Pai Bem Passado
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Puxo a brasa pro meu lado: quem está curioso em conhecer o álbum Reverso, a ser lançado oficialmente em breve, não pipoque e clique aqui https://rubempenz.net/cdreverso/ . Tem as letras, inícios de todas as músicas e fotos de bastidores. Garanto boas surpresas.
Comovida pela leitura, escrevo para dizer um sonoro e festivo “obrigada”. As cinza também já se arriscam a tomar meus cabelos, mas trago uma brasa no coração, que se acende quando vejo a neta a festejar. Linda crônica!
Muito obrigado, Anabela! Boas festas juninas pra você!
Nada como um baby pra atiçar nossas labaredas.
É verdade, Vivi! Saudade!
Salvem a menina Agatha do mocotó!
Uma lindeza essa história que tá só começando, mestre. Sejam felizes!
Carinho.
Tá cedo, mas acho que a Agatha será adepta do mocotó… Pior pra nós, que teremos que dividir! Hahahahaha! Valeu!
Adorei! Beijo, Maninho.
Obrigado, Maria Lúcia! Beijos!