Instigado a escolher, você prefere o nascer do sol ou o seu poente? Qual considera mais bonito, poético, significativo? Antes de escolhermos, algumas considerações são necessárias. Na minha Porto Alegre, o pôr do sol se faz no Guaíba e, por isso, nos oferece um espetáculo grandioso. São muitas cores a pintar a paisagem e criar uma atmosfera romântica e inspiradora. Assim sendo, nada surpreenderia se minhas preferências declinassem ao poente como declina o astro rei no belíssimo entardecer no Paralelo 30. Aliás, por ser meridional, as trocas de luzes se dão num arrastar lento e harmonioso. Um luxo.
Mas Porto Alegre só tem metade do meu coração. A outra parte habita o litoral, ali na Praia do Barco e, como quem equilibra a balança, é no Atlântico que o sol abre o novo dia. Pela madrugada, cedinho, a maresia e o som das ondas tratam de emoldurar a visão do amanhecer de modo a completar a cena e abrir minha mente para muito além dos cinco sentidos. Esta totalidade faz muita diferença e concorre para desempatar milímetros a boa disputa a seu favor. Há também a primazia pelos começos: vivo de criação e, para ela, o nascer representa muito.
E se o sol nascesse ao cair da tarde, tal acontecimento ganharia o poder de ultrapassar tanto o vislumbre oceânico quanto o do rio em minha preferência? A resposta é sim e foi o que aconteceu uma só vez, dez anos atrás. Como um sol a ofertar calor, luz e energia, capaz de significar renascimento e oportunidade, Vanessa ergueu-se bem na minha frente, cumprindo não mais do que um gesto de educação, muito mais do que um gesto de educação. Entre as numerosas bênçãos que tive na vida, uma é a ensejo de saber o exato segundo em que nasce a paixão.
Desde então, o amor por Vanessa é uma elaboração cotidiana, repleta de matizes, sabores, aromas, texturas e paisagens. De tudo, no entanto, o mais importante foi ter em sua gênese o paralelo com a ação de erguer-se, pôr-se altiva e segura. Soberana. Sua magnética majestade ocupa meu ânimo de tal forma como sempre houvera tal luz dentro de mim, apenas anoitecida. São dez anos após a magia de ter visto o sol nascer numa tardinha fria, ao sabor e aroma de café, com poder de eternidade.
Linda crônica, mestre Rubem. Muitas bênçãos para você e Vanessa.
É sempre abençoado quem vive um grande amor, Ataíde. E sou! Muito obrigado!
Não há criação aí, Rubem. É o arquétipo da Cleópatra ‘ativado’ na moça.
Ainda bem que ela não fez a egípcia comigo, Auri. Ainda bem!
Abraços
Seria um erro fatal.
Linda crônica meu amigo!
Muito obrigado, Sandra! Beijos
L’amour toujour l’amour. Concordamos: Vanessa é linda. Tiveram sorte os três
Obrigado, João Luiz! E ela é linda muito além do que os olhos alcançam 🙂 Abraços!