Sim, foi em abril, também num 24, o dia em que Agatha soprou sua primeira velinha de aniversário. Eu sei. Eu estava lá, ao lado dela e, nós dois, ao lado de Vanessa. Conosco, ela poderia ter comemorado seu segundo ou terceiro ano de vida. Em outros casos, até maiorais dezoito. Informo: pais que adotam têm uma segunda contagem de aniversário – o “dia do telefonema”. Em 24 de outubro de 2024, nossa filha completa um ano.
Vivemos com Agatha um período de conquistas abissais para seres humanos: muito mais do que caminhar e já ter iniciado o uso de talheres, emite as primeiras palavras e sabe de tudo sobre sua rotina. Porém, há muitos estudos sobre a vida dos bebês, livros e reportagens maravilhosas que servem de subsídio para quem deseja conhecer mais de nosso desenvolvimento. Logo, não é preciso detalhar o tanto que presenciamos. Hoje, desejo esquadrinhar por escrito o que se passa em meu coração.
A primeira e mais forte sensação é de incredulidade – parece clichê dizer “parece que foi ontem”, mas parece que foi ontem. Se o ritmo for esse daqui em diante, devo começar amanhã a pensar minha vida na casa dos setenta anos. Lá, precisarei estar muito esperto para acompanhar o final da infância da minha caçula. Para quem quer evitar uma existência mais contemplativa na terceira idade, com horas, dias e meses alongados por escassos compromissos e tarefas, a paternidade tardia é vacina certeira.
Junto com a incredulidade vem a preocupação: para além de dar aos outros a impressão de ter dez anos a menos do que a contagem cronológica, é preciso que essa antiga diversão venha com outros atributos. Só assim terei saúde e energia para acompanhar a maratona que é encaminhar um filho na vida. Se pais naturalmente já são “os velhos” dos filhos, eu serei o velho dos pais dos colegas da Agatha. Haja saúde!
Incredulidade e preocupação… Tudo parece pesar, né? Aí entra o encantamento. Cada sorriso, cada lágrima, cada birra, cada abraço, cada risada, cada pedido, cada soninho, cada descoberta, cada fralda cheia – são tantas fraldas cheias! –, cada mão suja, cada pé descalço, cada “fica na cadeirinha”, cada troca de roupa, cada banho, cada mamadeira – são tantas mamadeiras! –, cada cadinho miúdo da rotina se cumpre com tanto amor a ponto de, por encanto, nada pesar, mesmo pesando os anos.
Bendito 24 de outubro (aliás, mesma data em que, no distante 1935, nasceu o avô da Agatha). Bendito dia em que topei a aventura de ser pai novamente e, novamente, descobrir que a vida é feita de miudezas e urgências e afeto e graça. Gracias a la vida que me ha dado tanto.
*Aventuras & Desventuras de um Pai Bem Passado
Rubem
Que esta filha siga multiplicando os dias da tua vida… infinitamente! Lindo texto.
Muito obrigado, Adriana! 🙂
Bem bonito, caro Rubem bem passado. Bem aventurados nós, que estamos acompanhamos essa história de perto. Viva a Agatha! Viva a Vanessa! E viva você. 🙂❤️
Ah, é uma boa aventura, mesmo, Gian! Valeu! Abração
Viva a Agatha que rejuvenesce o Rubem! Felicidade à família no caminho de vê-la crescer.
Muito obrigado, querida Ângela!!!
Muito obrigado, Anabela!
Feliz em fazer parte dessa história. Grato por me confiarem a parceria nos cuidados dessa menina. Um ótimo 24.10.24. De tantos outros que virão. Sempre será um dia de cada vez. E parecem passar rápido – cada vez mais! Abraço à família.
Roberto, a gratidão é toda noss por contar com teus cuidados! Muito obrigado! Abração
Forte e emocionado abraço amigo Rubem! Parabéns!
Muito obrigado, Miguel! Abração