Quem tem, sabe: com filhos, mandamos como quem pede e pedimos como quem manda. Todos os dias, muitas vezes ao dia. O tempo inteiro. Uma pausa durante o sono… deles. Claro que esse traço se atenua com o passar dos anos e, quando se tornam adultos, é quase imperceptível. Há que se ter olhos e ouvidos muito atentos para captar mensagens com tal dúbia faculdade.
A chegada da Agatha me fez recordar o período em que isso inicia: por volta de um aninho com viés de alta. Ou seja, coincide com o engatinhar e sobe sua frequência quando a criança já anda e, muito rapidamente, corre. As vezes que enunciamos a frase “Agatha, não!” e suas derivadas (as interdições específicas) é gigante. A ponto de ela saber antes (e ainda assim tentar). Na verdade, é uma graça: olha para nós, faz o nãozinho com o dedo e tenta mesmo assim. É preciso ser forte para não sorrir e apertar de tanta fofura.
Outro momento é o das ordens-barra-pedidos propositivos: faça, me dê, vem comigo, guarde etc. A boa e velha voz de comando que inicia sem marca de tempo, se repete por um tempo e chega no peremptório agora. Para meu desespero, de modo inédito em minhas vivências parentais, Agatha criou uma estratégia de negação tão fofinha, que torna nossa vida mais penosa ainda. Sim, há um martírio embutido na tarefa de educar, tantas precisam ser as repetições. E o que ela faz?
– Agatha, agora guarda o Pepê e vamos pro banho!
– La-la-lá, la-la-lá, la-la-lá – ela canta como quem desconversa, desvia o olhar e dá uma reboladinha.
Vanessa já tinha me alertado da estratégia antes de eu presenciar. Quando fez para mim – e por um instante eu tinha esquecido – quase sucumbi diante do charme. Afinal, faltou dizer, ela ainda sorri e olha para a gente de ladinho, como quem confere se deu certo. É preciso ter um coração de pedra e propósitos muito justos para sustentar o comando.
Será que a dificuldade em manter a seriedade de propósitos é porque sou um pai bem passado? Ou todos reavaliariam as posições ao infinito sem avançar para o indiscutível agora com direito a pegar no colo no meio da performance? De fato, a compreensão de que essa fase passará, e rápido, tende a ser prejudicial ao árduo trabalho de educar as crianças. Todos os avós estão aí para comprovar a tese. Em lares do mundo e aqui, em La La Land.
*Aventuras & Desventuras de um pai bem passado
Talento Que Vem do Coração é Sempre Uma Bênção Inesquecível na Formação! BillAbraço 🌻
Muito obrigado, Bill! Queridíssimo, você!
Quem tem mais sorte nesse cabo de guerra: a Agatha, cujo pai se derrete a olhar a vida que se faz em seu rostinho, ou o Rubem, que tem na filha um espetáculo diário de encanto? Dance com ela, meu caro. Dance.
Sou eu, Anabela, o mais sortudo. Por ter em minha vida Agatha e Vanessa. Filha e mãe ofertando motivos para acreditar no amor. Obrigado! Abração