Sempre preferi o número oito. Na minha história pessoal, ele marca o mês do nascimento, importantes ciclos e a escolha constante caso – ou quando – faça uma aposta. Diz a numerologia que ele está associado ao equilíbrio, justiça e prosperidade. Segundo a mesma fonte, o oito conduz ao poder, sucesso e liderança. Aprecio seu formato arábico que nos lembra o infinito. Para mim, os dias recentes estão sob os auspícios do oito e de seu poder superior.
Enquanto escrevo, escuto Elis Regina. Neste 17 de março (1+7=8) ela completaria oitenta anos de nascimento. Sou, entre muitos, órfão de sua voz. Entre muitos, sei exatamente onde estava quando soube de sua morte prematura. E cravo meu voto na eleição de Elis como sendo a maior cantora de todos os tempos – muitos concordarão. Ela foi perfeita: timbre, afinação, cadência, intenção interpretativa, escolha de repertório e de músicos para acompanhar as performances. Além de muita lucidez.
Ela não foi uma pessoa fácil porque é dificílimo ser um gênio sem estar atravessado pelas circunstâncias raras da genialidade. Ao mesmo tempo, bancou a excelência com a entrega dos heróis de seu tempo – intensidade máxima, velocidade, colisões. Acompanhamos a atual trajetória de seus contemporâneos, muitos ainda ativos e relevantes, a pensar: quem seria Elis aos oitenta anos? Não seria exagero dizer, com base em suas últimas entrevistas, que ela morreu octogenária aos 36. Como naquelas contas em que adaptamos a idade dos cães para a de homens, Elis estaria com uns 180 em 2025. Isso é para poucos.
Para poucos também, ou melhor, para um só, a marca extraordinária de ser octacampeão estadual. A mística do oito, o equilíbrio, a liderança e a justiça foram renovadas no final de semana. Nosso coirmão, para merecer a igualdade em tal expressão, precisará produzir uma supremacia semelhante àquela estabelecida nos anos 1970 pelo Internacional. Jamais por distração da história, como parecia acontecer no presente. Interromper a sequência gremista foi a mais bela homenagem que nosso plantel poderia oferecer ao grupo multivencedor do passado, lá na minha infância.
Por fim, sobre o infinito que o oito relembra, ele de alguma forma se traduz em imortalidade (Elis vive). Sei que o termo foi encampado pela metade azul dos pagos com certa propriedade: batalhas épicas em que reverteram situações de desvantagem cabal. Parênteses: até a imortalidade tricolor tem limites, e abusaram nos últimos dias – não há motivos para queixas. Domingo, um pequeno e gigante campeonato gaúcho estabelecerá o renascimento de glórias tão íntimas à metade vermelha do Rio Grande do Sul. Vida longa ao Sport Club Internacional!