A Grande Enciclopédia 1º de Abril III

Como por encanto, fui instigado a retomar uma série que havia parado cedo, em duas poucas e exóticas crônicas. Para um resgate perfeito, repriso abaixo o primeiro parágrafo escrito no tempo do Rufar dos Tambores. Depois, dois verbetes. Inéditos, é claro.

“Este é, talvez, um dos livros mais raros que temos na biblioteca de casa. Para se ter uma ideia, a data da edição é 2062. Comprei em Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira, em um sebo que ficou aberto não mais do que quinze minutos. Explico: entrei no lugar atraído por um exemplar nº 1 do Recruta Zero. O dono, um turco sorridente, pediu cinquenta dólares pelo gibi. Achei caro. Mas o insistente vendedor não me deixou sair sem comprar algo. Aflito, dei de mão no primeiro livro de um balaio com a placa US$0,75. Saquei um dólar. Ele não tinha troco. Pediu que voltasse depois. Mais tarde, quando retornei, a loja estava fechada. Ninguém em volta conhecia o turco, ou a tal livraria. Perdi vinte e cinco centavos de dólar. Compartilho um pouco do que ganhei, transcrevendo verbetes aleatórios:”

  • Reginaldo Dussek – Cantor e compositor brasileiro, notabilizou-se pela evolução do gênero brega e chique. De mãe pernambucana e pai tcheco, Reginaldo nasceu em Copacabana. Desde muito cedo soube que seria artista pois, aos nove anos, compôs uma marchinha de carnaval chamada A raposa e as uvas baianinhas, inspirada na ópera Carmen Miranda de Bizet. O destaque, no entanto, surgiu no festival em que se apresentou de cueca samba-canção e fraque cantando Nostradamus, tô doidão. O verso final diz: “Garçom, me serve um conhaque, que o mundo acabou”. Não gostava de ser confundido com o também cantor Eduardo Rossi…
  • Diana dos Santos – Ginasta olímpica anglo-brasileira duplamente famosa, eternizou seu nome por criar o duplo twist carpado e por salvar a linhagem real britânica de um vaticínio incômodo: caso o Príncipe Charles se casasse com quem havia escolhido na juventude, em duas gerações nasceria o Mestre Yoda na monarquia britânica. Sua vida não foi nada fácil: da infância pobre em Porto Alegre para os salões de Londres, precisou de muita flexibilidade para suportar a pressão real do tipo “isso pódio, isso não pódio”, e muita força para deixar a relação. Sua morte inspirou juristas a tipificar limites para a atividade de paparazzo, a denominada Lei Didai.

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