Estátua!
Numa quarta-feira me sinto estranho e meço a pressão. Um pouco alta. Acende-se a luz de alerta e, mesmo com ela de volta a patamares normais, marco médico. Eletrocardiograma, exames de sangue e, pela primeira vez na vida, ‘o mapa’. Quem já fez, sabe: um esfigmomanômetro ficará inflando e desinflando em nosso braço a cada dez minutos durante 24 horas. Quando não consegue auferir o resultado, repete a operação uma, duas, quantas vezes forem necessárias. Por isso, o melhor é parar o que se esteja fazendo para não atrapalhar o processo. Agatha achou tudo muito estranho, principalmente o barulho do compressor. E custou a entender a necessidade de interromper os movimentos. Para ajudar, passamos a parar todos, Vanessa junto, sob o comando de estátua. Assim que o zumbido começava, a filha já gritava: estátua! Foram 24 horas de muita diversão.
***
Sussurro
No inverno severo que estamos vivendo, levantar-se às seis horas é meio sacrificante. Mas a criança tem um relógio biológico que desconhece isso. Tão velho como o mundo, o estratagema de a levar para a cama do casal, colocá-la no meio e dar um ‘abafa’ – na vã tentativa de mais alguns momentos de sono no final de semana – nos gerou uma sessão de gargalhadas. No escuro das cortinas fechadas, no campestre silêncio da manhã de sábado, na cálida proximidade dos corpos, surge uma mãozinha que me acaricia o rosto com extrema delicadeza. A seguir, bem próxima da orelha, doce, Agatha sussurra: bom dia. Dois segundos depois, arremata: papai, o mamá… Lembrei-me de Clara em 2002, mas essa é outra história.
***
Degraus
O espaço da casa onde mais ficamos é o chamado ‘estar íntimo’. Uma sala no andar dos quartos onde estão a TV, o grande sofá, o piso emborrachado de alfabeto e as caixas de brinquedo (também meu escritório). Temerosos, quando a Agatha começou a engatinhar, colocamos um portãozinho na escada. Agora, no mesmo final de semana, retiramos o portão da escada e visitamos o casal Ivan e Natasha em sua nova morada. Do alto de seus quase 26 meses, nosso bebê grande demonstra maturidade cognitiva para reconhecer o perigo e motora para subir e descer os degraus com destreza – sempre se segurando nas grades do corrimão. Enquanto isso, o mais velho sobe para 29 anos, esposa e três gatos. Felicidades, meu filho! Dá pulos diferentes o coração do pai, justificando ainda mais o bem-vindo checkup.
*A&DPBP são as Aventuras e Desventuras de um Pai Bem Passado.
É, meu amigo. Estou sentindo na pele o fracasso desse método de colocar a criança em nossa cama logo cedo. Benício não colabora.
Acho que os bebês se conversam de alguma forma e combinam as coisas, Ataíde. Só pode.
Abraços
Que fase doce. Saudades de um bebe debaixo das cobertas, tentando me convencer que está na hora de levantar e brincar. A vida passa tão rápida. Num clique estão grandes, tu bem sabes. Bom proveito!
É verdade, Zuzu! Passa voando. E nossas tentativas de ampliar o tempo na cama sempre terminam frustradas…
Beijos
Acho que é uma espécie de Yakuza de fraldas. Opa! Ideia para crônica.
Opa! Vem coisa boa por aí!