Nenhuma dúvida de que a recente paternidade é um exercício de distâncias temporais. Antes de tudo pela diferença de idade da mamãe e do papai – que, se não chega a ser constrangedora, é robusta. Suficiente para que os dois tenham referenciais muito dessemelhantes em termos de ídolos musicais. [Nota da redação: acredito que nossos ídolos têm entre dez e quinze a mais do que nós – eles adultos jovens, nós adolescentes. Por isso, os ídolos da Vanessa regulam comigo e, os meus, com minha sogra.]
Outra marca abissal é a diferença etária da Agatha com seus irmãos. Quando a caçula completar seu primeiro ano de vida a mana do meio terá feito 24 poucos dias antes e, alguns meses depois, o mais velho chegará ao 28º aniversário. Meu choque neste sentido é ter acompanhado com as primeiras crianças o nascimento da dupla de Palavra Cantada, Paulo Tatit e Sandra Peres – primeiro álbum em 1994 –, e de Adriana Partimpim (2004), prestes a se tornar vintage. Tudo o que para mim soa fresco é, na verdade, antigo.
Nos primeiros dias isso me preocupou um pouco: o que cantaríamos para a criança dormir? Decidi não impor minha agenda musical e, ao invés disso, contar com a sensibilidade materna. Qual seria a opção de quem cresceu ouvindo “Plunct, plact, zuuum”, Balão Mágico e Xuxa? Muito diferente de quem viu ser lançado o álbum de Vinicius “A arca de Noé” já taludo e, antes, curtiu os discos coloridos da Disney com seus clássicos, tipo “Mogli, o menino Lobo”? Bom, foi um falso dilema. Para a alegria geral, Vanessa escolheu a “Canção de ninar” de Brahms (“Wiegenlied, Opus 49, nº4”). Nada como uma composição 96 anos mais velha do que a gente para dar ares de rejuvenescimento!
Tudo seguia bem até ser perguntado sobre qual música eu cantava – Vanessa acredita que uma mesma escolha traz calma à criança, como se acionasse um módulo “universo conhecido” para servir de condicionamento ao sono. Primeiro ela ficou feliz quando disse que cantava a mesma que ela havia escolhido. Daí perguntei se ela cantava a parte A e a parte B. Oh, dor! Mesmo na mesma, cantávamos canções diferentes… No momento, estamos com a seguinte dúvida: ou ela se dispõe a aprender a parte B, ou eu me restrinjo à parte A. Tudo pelo bom sono de Agatha.
*Aventuras & Desventuras de um pai bem passado
Kkkkk.Amo suas crônicas!!!!
Obrigado, Denise! Beijão!
Que Deus abençoe a Agatha, e Obrigado meu amigo Rubem por através desta crônica maravilhosa nos fazer reviver este momento tão especial !!!
Muito obrigado, Gerson! A vida é feita de momentos especiais! Abração!