Tem aquilo de sonhar em ser como Vini Jr., Kendall Jenner, Max Verstappen, Rebeca Andrade… Antes já fora Cacá, Gisele, Ayrton, Daiane. Antes ainda Pelé, Twiggy, Fittipaldi etc. Eu? Eu queria ser como Washington Olivetto. Eu poderia ter sido – ao menos em tese. Tese: o maior publicitário brasileiro de todos os tempos era uma rara, belíssima e frondosa figueira. Mas, primeiro, foi um figuinho que caiu na terra e brotou. E figuinho também fui.
Faço tal paralelo porque é apenas uma bobagem desejar ser alguém e não ter pendor, ou esforço, ou chance – ainda que remota – de ser tal pessoa. Aos vinte e poucos, abandonando a carreira de professor de educação física, entrei figamente como estagiário de redação numa agência de propaganda. Era o momento de ouro de Washington Olivetto e, a seu reboque, uma época de grandes conquistas para a publicidade brasileira. Brilhávamos em Cannes – lá estava meu sonho.
Sobre meu ídolo, faltaria espaço para citar as melhores campanhas, os prêmios nacionais e internacionais, os personagens criados, os eternos bordões. Para isso, faça uma busca e invista algumas horas para ver a dimensão alcançada por Washington Olivetto no cenário da propaganda. Tudo a partir da mítica cadeira do redator, aquele que não faz nada sozinho e, ao mesmo tempo, nada é feito sem dele vir a ideia, a frase certa, o conceito sedutor. Minha figueira, por circunstâncias diversas, permaneceu mudinha.
Opa, e a crônica? Nunca sonhei ser Rubem Braga, Antônio Maria, Luis Fernando Verissimo? Pois é. Sou um escritor tardio, cheguei à crônica nas portas da meia-idade e, talvez por isso, sem as ilusões juvenis. LFV é, sem sombra de dúvida, uma inspiração sem ter a quimera de ser como ele. Sobre WO, é fantástico saber que ele tinha apenas treze anos a mais do que eu, algo muito próximo da idade dos ídolos, mesmo: a turma que era jovem quando nós éramos crianças e adultos quando éramos jovens.
Aos 27, quando fui para São Paulo e provoquei algumas entrevistas em agências de peso (aliás, fui recebido com considerável atenção), ainda podia sonhar ser Washington Olivetto. Não rolou. Aí, quando olho para o lado e vejo Ivan, Clara e Agatha; vejo Vanessa, meu amor, e meus tantos amigos; vejo a Santa Sede e tudo e todos e tanto à sua volta, penso: não poderia pensar nada mais gratificante do que ser quem sou. Algo que lá aos vinte e poucos já teria sido um sonho muito bom.
Histórias assim como a que contei devem ter enredo semelhante ao de muitos criadores. E elas são melhores por serem realidade.
Muito boa, Mestre!
Obrigado, querida Marta!
Assim é para muitos…
Tenho certeza que sim, Altino. Valeu!
À sombra da figueira Penz muitos de nós aprendemos a encontrar nossa escrita. Crônica muito bonita, professor.
Oh, generosa, Anabela! Outro atributo além do talento imenso. Obrigado!