Fábulas

A fábula da formiga e do sapo

Chegava o inverno e a formiga pediu uma carona ao sapo para atravessar o riacho.

– Como assim, dona formiga? Se a senhora sabe que eu me alimento de insetos, este pedido não soa estranho?

– Nem tanto – respondeu a formiga. – Meu plano é buscar folhas que lá abundam e aqui estão escassas e, de quebra, livrar o senhor de um destino trágico adivinhado por uma canção que ouvi cantar a cigarra e que envolve um escorpião.

O sapo, enfim, viu vantagem e aceitou a proposta. No entanto, no centro do leito d’água, linguou sobre si e papou a formiga. Um segundo depois, o batráquio foi morto por uma pedrada.

Moral da história: a mesma, com o acréscimo de que nunca devemos subestimar o destino.

A fábula da raposa e da lebre

Na floresta não há consenso sobre o mais rápido dos animais, e isso faz com que vivam jogando corridas. Numa delas, a raposa apostou que chegava na parreira antes da lebre. Esta última, que gostava de ser a primeira, aceitou e foi logo saltando na frente.

Vendo que ganharia por larga vantagem, parou na sombra que havia na margem do riacho e se distraiu vendo a indecisão do velho e do menino sobre quem subiria no burro. Ao dar-se conta, tentou recuperar terreno, mas a raposa já havia chegado à parreira, pulando insistentemente para colher as uvas.

– Ah, mas elas estão verdes, mesmo… – teria dito a lebre para justificar seu fracasso.

Foi quando a raposa, concordando, mudou o cardápio e papou a lebre.

Moral da história: a mesma, com um leve tempero de ressentimento.

A fábula do lobo, do velho, do menino e do burro

Dizem que um lobo faminto bebia água no riacho que passava por perto dos parreirais quando, logo adiante, um velho, um menino e um burro resolveram também matar a sede.

– Vocês estão sujando minha água – disse o lobo.

O velho respondeu ser impossível, pois estavam abaixo na correnteza.

– Mas eu vi o menino jogar uma pedra, e ela moveu a água que eu bebo.

– Mentira! – falou o gurizinho que tratava de acertar um sapo. – Mirei lá longe!

– Estão é o cheiro deste burro que me perturba – concluiu o lobo, que buscava apenas uma justificativa plausível para ser absolvido n’algum tribunal ao atacar o grupo de viajantes. Mas o velho tinha uma garrucha e matou o lobo.

Moral da história: a mesma, ainda que desagrade os leitores mais sensíveis por conter muita violência contra animais.

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