Tudo o que mais queremos na adolescência é ser ao máximo igual aos outros. Concorrem neste sentido as escolhas de vestuário, do corte de cabelo, da música que escutamos, de adereços e maquiagens. São alternativas que ajudam na sensação de pertencimento e aprovação da turma. Melhor dizendo: das turmas, pois cada tribo tem seus códigos particulares.
A questão é que nem tudo está em nosso controle. Nossos corpos, por exemplo, são como são independentemente de nossa escolha. Há procedimentos estéticos capazes de atenuar algum desvio da média mas, no geral, a máxima de “aceitar-se” segue como a melhor alternativa individual e, para o grupo, conviver com as diferenças sem julgamento (quem dera, quem dera).
Aquilo que pode soar maravilhoso na teoria, na prática funciona de outra forma. Só quem passou a adolescência sendo alto ou baixo demais, magro ou gordo demais, ou ainda com algum outro traço físico distante da média, sabe como pode ser brutal ser “o estranho”. Aliás, estranho mesmo é nem os bonitos demais, uma boa sorte do destino, terem apenas vantagens na condição.
Como desde sempre pertenci à categoria dos diferentes – o caso particular de ser baixo, magro e saliente demais – resolvi resgatar o bônus da situação, além de dizer que ele aparece no longo prazo. Parto de dois acontecimentos do final de semana: no sábado, nos corredores do supermercado, fui abordado (e chamado por meu nome) pelo Totonho, antigo professor de inglês dos tempos do Colégio Anchieta. No domingo, numa festa de aniversário, depois de conferir mesmo se era o Cassel, professor e diretor da ESEF/UFRGS, ele disse que já me olhava a reconhecer.
Mais ou menos quarenta anos me separam destes e de outros mestres que já me perceberam quando nos encontramos. São milhares de alunos que passaram por suas rotinas antes e depois do tempo em que convivemos. Partindo da óbvia constatação de que não fui o mais brilhante, credito 20% da memória deles por eu ser saliente e 80% por minha evidente distância da média. Ou seja, nem tudo é só bom ou só ruim. Melhor mesmo é aproveitar a oportunidade de ser diferente como primeiro passo para, quem sabe, fazer a diferença.
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Hoje (25.07.23) o Apolinário recebe a Safra 2023 para seu Sarau presencial. Além da turma do bar, teremos cronistas da turma online entregando ao público uma provinha do que prometemos para o breve lançamento. O convite é para todos e, especialmente, aos que nutrem uma curiosidade (boa) sobre a Santa Sede – uma oficina, com certeza, beeem diferente. Aparece na Rua da República, 552, a partir das 20h. Vai ser tri!