O Papa e a resposta do tempo

Quando escrevo, na manhã de 21 de abril de 2025, um feriado de Tiradentes no Brasil, acordamos com uma notícia inesperada: faleceu, no Vaticano, o Papa Francisco. Uma surpresa menos em função de sua saúde, um tanto debilitada, ou pela idade, longos 88 anos – o quarto mais velho em toda a história –; mais pelo fato de ele ter superado a recente hospitalização. Sim, o Papa morreu em casa. Bom para ele que não gostava de hospitais.

Num instante caíram todas as pautas. No Brasil, quem sabe no mundo, os noticiários passaram a ter um só assunto: Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, 266º pontífice – meu quinto –, se despediu da vida poucas horas depois de sua última aparição pública – a benção de Páscoa. Na história, um raro chefe da Igreja Católica a conviver com o antecessor, Bento XVI, que transmitiu a tarefa por não se considerar apto devido à falta de saúde.

Diante do fato, uma questão me levou a pensar: fazem seu tempo os papas, ou é o tempo quem os faz líderes? Em outras palavras, o conclave que elegeu o Cardeal Bergoglio foi influenciado por apelos do momento no mundo, ou Francisco foi ativo a influenciar o mundo em sua década e pouco de pontificado? Certo ter sucedido um conservador e, em pouco tempo, ter-se mostrado um dos mais ousados que assumiram a cadeira de São Pedro.

É quando lembro de João Paulo II – o Papa Peregrino. Eleito depois de um papado relâmpago de João Paulo I – até hoje envolto em teorias da conspiração –, coube ao Cardeal Karol Wojtyla intensificar o movimento de abertura da Igreja Católica para o mundo, iniciado por Paulo VI, este responsável pela conclusão do concílio Vaticano II. Mesmo com Joseph Ratzinger a retardar um tanto a velocidade das mudanças, é possível ver no Vaticano da segunda metade do Século XX e da entrada do XXI como um período de atualização e, sim, autocrítica.

É um mistério o que esperar do novo líder dos Católicos Apostólicos Romanos. Seguirá ele com movimentos arrojados como a bênção para casais divorciados e do mesmo sexo? Avançará na valorização das mulheres? Será despido de luxo, como o falecido Francisco? Terá humor? Virá, também, de novas fronteiras? O mais importante: estará o conclave influenciado por um momento mais reativo, conservador? Para a última questão, no sim ou no não, será o novo Papa um agente ou um reagente destes conturbados anos vinte?

Fiquemos de olho na fumaça branca.

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