Crônicas

Crônicas

Número 348

NÃO PERDI: SÓ NÃO SEI ONDE ESTÁExistem duas situações que, mesmo diferentes entre si, quando vistas de modo simplificado, se irmanam. Refiro-me a perder as coisas e não saber onde elas estão. Aconteceu comigo esses dias: minha mulher encontrou órfã, na área de serviço, a capinha do recém comprado guarda-chuva portátil. Perguntou onde ele estava.

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Número 347

AMIGO SECRETOUm dos mais tradicionais ritos de final de ano é o amigo secreto. Em resumo, um sorteio para definir a quem presentear entre familiares, colegas de trabalho, amigos, vizinhos ou qualquer outro grupo que pretenda festejar Natal e Ano Novo. Prenúncio de desastre, ele é adotado pelo mesmo motivo por que optamos pela democracia:

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Número 345

NOVO PARABÉNS Um dia, em um cubículo obscuro de uma repartição nada representativa de um escalão para além de inferior, dois prestimosos funcionários públicos chegaram a uma conclusão definitiva: ninguém aguentava mais cantar Parabéns a Você. Não era possível que, em um país como o Brasil, com sua vasta tradição musical, ninguém fosse capaz de

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Número 343

LONGEVIDADEExistem expressões, modos de falar ou metáforas que, de tão perfeitas, sobrevivem por um longo tempo, mesmo após a extinção do ato ou objeto gerador. Por exemplo: dar a mão à palmatória. Com o perdão do trocadilho, pode-se contar nos dedos as pessoas vivas que presenciaram (ou sofreram) tal castigo nas escolas. Oscar Niemeyer talvez

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Número 340

DESMATAMENTOCasamento é mata fechada, densa, com delicada diversidade, mas com alguma chance de sufocar. Um estado civil bem diverso ao da solteirice: campo ensolarado e franco, cenário de batalhas para caça e caçador. No campo, o horizonte se mostra pleno, 360° de possibilidades para as mais loucas aventuras. No casamento, resta subir à copa dos

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Número 339

OBITUÁRIOUma querida amiga é fanática pela leitura de Obituários. Ela vê uma singela beleza naqueles resumos de existência, além de uma interessante paridade social: ao lado de um General, empresário ou professora emérita, pode estar uma costureira, um estudante, o fanático torcedor de um time da terceira divisão cuja especialidade era assar churrasco. Isso me

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Número 338

FÁBULA FUTURÍSTICA O homem parecia ter alcançado a fronteira final: depois de passar décadas aglutinando informações em bancos de dados e, ao mesmo tempo, desenvolvendo formas de armazená-las em espaços físicos cada vez mais exíguos, conseguira um meio de acessar os dados apenas com o pensamento. Funcionava assim: ao arranhar a pele e ali colocar

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Número 333

MÃOS ATADAS, SORRISO SOLTO Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Carlos

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Número 332

EM MEIO À MEIARecém passou meu quadragésimo quinto aniversário e tudo parece meio estranho… O problema é a desconfiança de eu estar no ápice, no auge, na flor da meia-idade. Aliás, eu e toda a minha geração. Não que isso me deixe muito preocupado. Digamos assim: estou apenas meio preocupado. Por isso, especulando as implicações

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Número 331

THE E-BOOK IS ON THE TABLESemana passada, enquanto visitávamos a nova morada de uma querida amiga, ao comentarmos as soluções arquitetônicas para mobiliar o quarto de seu filho, mencionamos uma mesa que serve atualmente de escrivaninha para nossa caçula. É um pequeno móvel de aço, desmontável, típico dos anos oitenta. Salvo engano, foi comprado na

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Número 330

OS MORCEGOS DO ANDAR DE CIMATemos em casa um telhado proeminente, planejado para ocupar os altos da residência com a biblioteca. Como moramos no Rio Grande do Sul, terra que acomoda temperaturas desde siberianas até caribenhas durante as mudanças de estação, deixamos um generoso espaço entre as telhas e o forro, com estratégicas entradas de

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