Como se fora por encomenda
Rubem Penz
Tal qual os movimentos de aproximação do cinema, uma espécie de zoom, os recentes temas dos livros Santa Sede, crônicas de botequim partiram da cidade (2018), invadiram a casa para falar das famílias (2019) e penetraram no interior do indivíduo com o “eu” (para lançamento no segundo semestre de 2020). Seja por intuição premonitória, seja por mera coincidência, estivemos cumprindo o caminho imposto pelo covid-19 para todo o planeta. Nunca a crônica foi tão crônica, nunca tão aguda. Os escritores estão sacrificados, porém valentes. Esperem um livro muito especial…
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Clarice Lispector completa em 2020 o centenário de nascimento e, quase por imposição, a brilhante cronista foi escolhida como autora homenageada para inspirar o livro da Master Class Santa Sede. Neste momento, quinze autoras escrevem Marias e Clarice. Outra vez a sorte brinca conosco: como poucas, Clarice foi capaz de voltar-se para dentro, ofertando aos leitores paisagens interiores repletas de questionamentos sobre as relações humanas. Sob impacto do isolamento social, haveremos de, com precisão, ofertar uma leitura contemporânea ao extremo.
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Todos conhecem o dito popular: se a vida lhe der um limão, faça uma limonada. Eis que um mal sorrateiro passa a ceifar vidas aos milhares e, como reação possível, provoca quarentenas voluntárias e forçadas, abatendo a economia global. Um por um, todos estamos afetados, todos afastados e, hoje, em fastio ao tema. Isso não é um limão: é um contêiner de limões; ou mais, todo um navio ácido. E, dia 9 de março, enquanto a Europa sucumbia, pouco antes de os Estados Unidos se ajoelharem, ao soar os primeiros alarmes no Brasil, lançamos a campanha de financiamento coletivo do livro Santa Sede 10 anos tim-tim por tim-tim. Aqui, pouca sorte – quem está com cabeça para destinar atenção ao nosso livro? Porém, há uma limonada em nosso horizonte. Ou melhor, uma caipirinha.
De casa, você pode contribuir para que o livro aconteça (entre em www.catarse.me/santasede-
Sobre o livro? A narrativa simula a invasão de uma agenda (outra vez a intimidade). Todos os que estiveram à mesa da Oficina Santa Sede, ou em seu entorno, estão nas páginas. Há depoimentos, lembranças, conceitos, recortes de jornal e muitas fotos. Também uma urgência: ao estilo “tudo ou nada”, o esforço de adesões torna a captação dramática (tic-tac-tic-tac…). Em suas mãos, o final feliz.