Outro dia li uma crônica na qual havia uma crítica feroz contra um homem por ter dito “estarem grávidos” quando, óbvio, homens não engravidam. A revolta era pelo fato de pesar no corpo da mulher todo o fardo biológico reprodutivo e, reivindicar tal condição sem o ônus, seria uma violência travestida de fofura. Meu rapaz, não busque engrandecer o que você sente ao assumir uma maternidade impossível. Enquadre-o em sua condição masculina. Seu amor não é inferior, inadequado ou pior. É apenas díspar.
Quando o tema é igualdade entre mulheres e homens, sempre penso na maior delas: serem diferentes. Bem diferentes (grifo necessário porque o óbvio anda o pior entrave para tecer raciocínios). Ou seja, um é diferente do outro e o outro é diferente do um de modo igual. O pensamento seguinte é: isso – ter diferenças – não implica ser pior ou melhor, mais ou menos adequado, superior ou inferior. Assim, utilizar o gênero como critério para auferir vantagens sempre está errado.
Cada ser humano nasce com potenciais a serem desenvolvidos para o bem (oh dor, às vezes para o mal) da coletividade e, no mundo ideal, nada deveria obstaculizar este caminho: gênero, cor, condição econômica, restrição física, nacionalidade etc. No entanto, o que vemos no mundo real são inúmeros talentos desperdiçados que se tornam evidentes através das histórias de superação, quando o “graças a” é eclipsado pelo “apesar de”. Quantos sucumbiram diante das barreiras?
O amor é um tema inusual para questões de gênero: amor, só existe um, aquele que damos. Ué, e o que recebemos? Ele não existirá sem que outro, antes, nos tenha ofertado. Todos nascemos potencialmente aptos para amar e amaremos mais ou menos por conta das oportunidades aproveitadas. A chegada de um filho talvez seja a maior de todas e – pasme! –, ainda assim, há quem a desperdice. Quando juntamos a premissa de que amor só existe o que se pode dar com a condição feminina, chega-se ao amor de mãe. Amor igual, amor diferente.
Aqui em casa Vanessa desejou muito, muito mesmo, a oportunidade de amar um filho. Demorou para que eu compreendesse minha recusa como um obstáculo ao amor. Confessar isso é expor algo que hoje me envergonha e, ao mesmo tempo, há uma ponta de orgulho por ter superado. Agatha existe graças a sua determinação. A todo instante me encanta observar a relação das duas. Cresce minha admiração por Vanessa – e jamais imaginei que poderia admirá-la mais. A maternidade lhe ofertou a abertura para um novo amor. Amor igual, diferente e, principalmente, por mim inalcançável. Óbvio.
Gostei. Ahh esse amor de mãe ou pai é amor fincado. Sai não!
Sim, muito lá no fundo, Iris. Obrigado! Bjs
Maravilhoso, emocionante! Bjs
Muito obrigado, Valesca. Elogio quando vem de nossa mentora vale o dobro! Beijos
Que bela notícia, Rubem!
Felicidades, família!
Muito obrigado, Lourdes! Beijos
Bela crônica amigo Rubem! Adorei!
Muito obrigado, Miguel! Abração!