Levar um banho do celular novo

As pessoas podem ser divididas em dois grupos: os que se enamoram com as atualizações tecnológicas a ponto de trocar de equipamento tão logo apareça uma novidade, e os que se afeiçoam aos antigos por dominar seus meandros. Aos primeiros, o trilhar das novas ferramentas é prazeroso e instigante. Aos demais, angustiante e cansativo. Uns vibram. Outros penam. Oba! Oh, dor…

Numa única semana, dois eventos abalaram minha rotina. O aquecedor de passagem parou de esquentar a água e o celular passou a aquecer meu bolso. Duas urgências que diminuíram o tempo do banho e da bateria. No primeiro caso, descobri que a placa eletrônica do aquecedor vai alterando suas configurações para compensar variações de pressão de água e de gás até o ponto de se perder. No segundo, deparei-me com a encruzilhada tecnológica/financeira: investir num telefone que em breve não rodará atualizações ou trocá-lo inteiro por causa do colapso da bateria?

Confesso que deu uma saudadezinha dos antigos “Junkers”. Eram gastadores, por certo. Mas toscos e duráveis. Não adianta – são o passado. No caso do telefone, aproveitei as ofertas de Dia das Mães (sem julgamentos, por favor) e troquei de aparelho. E, mesmo sem mudar a fábrica ou o sistema operacional, já caí na armadilha da evolução. Vestidos com o manto do aprimoramento, ícones e programas e manuseios mudaram, forçando-me a aprender a lidar com eles outra vez. Este lamento deixa claro – sou o passado.

De tudo, porém, o pior é ver todos os serviços serem interrompidos pela necessidade de recadastramento. Numa dezena deles, com senhas próprias e mudanças necessárias, foram feitas atualizações num só dia (os corriqueiros). Na certa, outros eventuais irão me cobrar empenho constante por tempo indeterminado. Para uns guardei a senhas. Para outros, precisarei cair no “esqueci” e começar de novo – provavelmente no pior momento possível. Para cada um, um procedimento a ser intuído com mais ou menos esforço. Ufa.

Em qual grupo você está: nos que adoram esses brinquedos novos, ou nos que gostam da estabilidade? O meu é fácil de concluir – mesmo reconhecendo que o smartphone ficou mais leve, bonito e, parece, com câmera melhor. Rescaldo da semana: maratona digital amainada pelo restauro do banho quente nas portas do inverno.

4 comentários em “Levar um banho do celular novo”

  1. Pois é… complicado, né? Posso dizer que gosto de tecnologia, mas me irrita essa sua transitoriedade. Até porque, muito é motivado pela obsolescência programada com fins de lucro (o meio ambiente não agradece!). Também, sinto como perda de tempo o ter de ajustar-me a alterações constantes em aparência e funcionalidade, a maioria, mera maquiagem. Enfim, sou em parte jurássica mesmo. Fazer o quê? Crônica bem legal (apesar das situações motivadoras não o serem, claro)!

    1. Cristina, o que nos aflige muitas vezes são mais constantes motivos para escrevermos. Lamentavelmente. E, sim, concordo: o meio ambiente não agradece… Obrigado!

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