VAR*

– Alô, central. Dá uma olhadinha nas câmeras de segurança da esquina da Rua Oriovaldo Peçanha Fº com a Prudêncio Pinto. Vamos conferir um suposto roubo de celular seguido de agressão às 22h45.

– Positivo, abrindo aqui. 22h44… Deixa ver… Um cidadão de camisa xadrez está vindo no sentido leste, caminhando, tira um celular do bolso e segue o curso olhando para a tela. Visivelmente distraído, central. Nem parece que está no Brasil.

– E o outro envolvido?

– Vem em sentido oposto, veste listrado.

– E a sequência?

– Eles se esbarram, viatura. Choque aparentemente acidental. Cai um celular no chão, viatura. Neste momento, nenhum dos dois tem a posse do aparelho. Repito, nenhum dos dois tem a posse do aparelho. Depois, o cidadão xadrez claramente se lança, puxa a camiseta, segura o de listrado pelo pescoço.

– Quem puxa uma faca, central?

– Não está claro na imagem, viatura.

– Tenta outro ângulo, central.

– Deixa ver… Negativo. Não se vê claramente faca, viatura.

– O de xadrez alegou presença de faca, central.

– Inconclusivo.

– E depois?

– O de listrado se desvencilha, viatura. Estica o braço, pega o celular e sai correndo na direção oeste. O de xadrez corre atrás. Deixa eu trocar de câmera, peraí… Olha, aparece uma viatura. São vocês?

– Positivo. Seguramos o de listrado porque o de xadrez gritava “pega ladrão”. Na opinião de vocês, prendemos ou soltamos? E quem?

– Olha, pra roubo de celular não temos clareza. Parece um esbarrão normal. Já a agressão está claríssima. Primeiro segura a camiseta, depois o pescoço.

– Ok. Vamos prender o de xadrez por agressão e liberar o de listrado. Obrigado!

– Ao dispor!

*Republicado por simpatia do autor. Originalmente, apareceu na Revista Rubem.

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