Alguns predestinados não têm uma missão pela frente, e sim uma remissão por detrás.
É possível medir o tamanho da fé pelas escolhas difíceis.
Crer-se abençoado na fartura não chega a ser um desafio – o contrário, sim.
Passar fome para favorecer uma criança vale muito mais do que o número escrito na etiqueta de preços do supermercado.
Perdas em vida nem sempre geram ganhos em morte.
Herança não é o que deixamos, é o que levamos.
Uma vida inteira de privações perdida numa única aposta de loteria.
Esperteza é astúcia perecível.
Para cada oportunidade de fazer o certo nasce uma de fazer o errado.
Cedo demais será tarde demais.
Para se ter dor de consciência, só com a consciência da dor.
Sempre é uma abstração. Nunca é uma abstração. Às vezes.
Sobre Dora, protagonista do filme Central do Brasil
Dora apresenta a jornada do anti-herói. Um caminho de remissão, de escolhas difíceis, de bênçãos, de sacrifícios, de perdas. Deixa de herança o que a leva adiante, padece de más escolhas, reage aos grãos exíguos da ampulheta, sofre consciente, sempre nunca desiste. Só às vezes.
* Texto composto durante o módulo Mosaico em Cartaz, da Oficina Santa Sede